O jeito petista de (dividir para) governar

O PDT decidiu antecipar para 21 de março a recondução de Leonel Brizola à presidência do partido com uma preocupação básica: evitar que, insuflado pelo governo, o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, tome de Brizola o comando da legenda. Com as rédeas na mão, o velho cacique pedetista já avisou a todos que o PDT vai se posicionar mais e mais contra o governo. Principalmente na votação das reformas previdenciária e tributária. Já o PPS, presidido pelo deputado Roberto Freire (PE), não deverá votar contra as reformas por uma razão muito simples: programaticamente o partido apóia essas mudanças. Mas tanto Freire quanto a direção do partido já sentiram que o governo petista abandonou o PPS. Todos os salamaleques ficaram para o ministro da Integração, Ciro Gomes, que, como Miro, é quem decide os indicados em nome da legenda para os cargos de segundo escalão do governo. Ciro e Miro hoje são vistos como homens de Lula infiltrados nos dois partidos para dividi-los e enfraquecê-los. Isso é caldo de cultura para confusão na certa.

Verba secreta

O delegado da PF Gesival Gomes está rastreando o pagamento de diárias aos delegados que faziam os grampos na Bahia. Essas diárias eram pagas com cheques nominais do Bradesco, quando a praxe é o depósito bancário. Outro detalhe: o funcionário da Secretaria de Segurança Aldo Getúlio das Neves ligava para a então secretária de Segurança, Kátia Alves, para informar a disponibilidade dos cheques. O delegado suspeita da existência de uma verba secreta para a espionagem na gestão do governador Otto Alencar.

Diplomatas querem euro

Ir para uma embaixada na Europa era o sonho dos diplomatas brasileiros. Mas a subida do euro, a moeda européia, que hoje vale mais que o dólar, está tirando o sono dos antes felizardos: como recebem em dólar, quando vão trocar a grana por euros, única moeda que é aceita pelo comércio na Europa, perdem quase 10% do salário. Tem gente torcendo para que, depois da guerra do Iraque, o euro vire o padrão global.

Musa barrada

Na terça-feira 18, quando chegou ao Senado, uma morena de cabelos longos e um despojado terninho branco foi barrada. Um segurança perguntou: “Aonde a senhorita pensa que vai?” Calmamente, ela respondeu que se dirigia ao gabinete. Ele insistiu: “Mas para qual gabinete, senhorita?” E ela respondeu: “O meu mesmo.” Só depois, alertado por outro segurança, o agente percebeu que a moça era a senadora Patrícia Gomes (PPS-CE).

Agentes da CIA

O diretor geral da PF, Paulo Lacerda, mandou abrir sindicância para descobrir onde foi parar a investigação que apontava operações ilegais da CIA dentro do órgão, denunciada por ISTOÉ em novembro de 2002.
A primeira sindicância sumiu. O delegado Rômulo Menezes, que comanda a nova apuração, vai ouvir três ex-diretores da PF na era FHC: Itanor Carneiro, Agílio Monteiro Filho e Vicente Chelotti, que acabou
de ser suspenso por 60 dias.

Rápidas

• Já está na mesa do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, a proposta de quarentena do Banco do Brasil para seus ex-diretores. Eles ficarão
um ano com salários pagos pelo banco.

• Um dos grampeados ilegalmente na Bahia, o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB) trocou seu aparelho celular. O novo não permite a identificação do número e é imune a grampos.

• Governador do Piauí, o petista Wellington Dias está cobrando da Petrobras que procure petróleo em seu Estado, como faz em outros lugares do Nordeste. Vai acabar fundando a Piauipetro.