O presentador de programas na Globonews, Rede Globo e rádio CBN, o jornalista Sidney Rezende gastou boa parte de seu tempo nos últimos meses para matar uma curiosidade: quais as causas que levam as pessoas e empresas a alcançar o sucesso? Essa pergunta foi feita a personalidades que conseguiram êxito em vários campos de atuação, como negócios, música, esporte, humor e literatura e essa prospecção resultou no livro Deve ser bom ser você, que a editora Futura lança no dia 16 de maio. A obra traz depoimentos de Dorival Caymmi, Hebe Camargo, João Pedro Stédile, Roberto Setúbal, Drauzio Varella, Rita Lee e outras 97 pessoas que chegaram lá. No final das contas, Rezende teve uma surpresa. “A maioria dos bem-sucedidos ouvidos para o livro identifica a sorte como o elemento principal do seu próprio sucesso e dos outros”, conta. O autor acha que o fator trabalho fica em segundo plano porque o brasileiro é menos racional e tem um forte sentimento mágico. “Alguns querem ficar ricos como o Bambam do Big Brother, desejam o benefício sem passar pelo sacrifício.”

Mas ele também ouviu de vários entrevistados a velha receita de “90% de transpiração e 10% de inspiração”, indicando que muitos apostam no trabalho duro para chegar ao topo. O jornalista avisa que não pretendeu escrever um livro de auto-ajuda, mas fazer o registro de experiências de sucesso. “A auto-estima do brasileiro está muito fragilizada e os depoimentos mostram que, apesar de todas as adversidades, sempre existe a possibilidade de dar certo”, acredita. Durante o processo de um ano que levou para colher as respostas, o autor descobriu que o assunto “sucesso” ganha matizes ideológicos na ótica de alguns entrevistados. “Algumas personalidades da esquerda acreditam que o sucesso é um tema de propriedade da direita.” Essa imagem fez com que alguns entrevistados refugassem. Antes de dar sua resposta, Leonardo Boff observou que o sucesso “é uma invenção tola da modernidade” e João Pedro Stédile mostrou-se desconfortável ao tratar do assunto. Rezende acha essa interpretação um equívoco e acredita que qualquer pessoa pode almejar ser bem-sucedida, mesmo em tarefas que não têm nada a ver com ganhar dinheiro. “Espero que o leitor chegue à conclusão de que o sucesso não é propriedade privada”, almeja.

Fama – Muitos trocam as bolas. “É comum confundirem sucesso com fama”, conta Rezende. Uma dificuldade foi justamente definir o que é êxito, já que as interpretações são muito particulares. O professor americano John Maxwell tem um paradigma, citado no livro: “O sucesso é conhecer o seu propósito na vida, crescer para atingir o seu potencial máximo e lançar sementes que beneficiem outras pessoas.” O autor também faz o caminho inverso e procura descobrir o motivo pelo qual algumas pessoas perdem o sucesso já conquistado. O diretor de tevê e cinema Daniel Filho acredita que isso acontece quando alguém acha que já sabe tudo e deixa a glória subir à cabeça. O jogador de basquete Oscar afirma que isso acontece quando uma pessoa não mantém a persistência todos os dias. Dessa forma, Rezende mostra que tão difícil quanto alcançar o sucesso é mantê-lo. E tão frustrante quanto não conquistá-lo é perdê-lo.


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