Finalmente uma boa notícia. As últimas estatísticas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ligada ao Ministério da Saúde, revelam uma redução surpreendente no número de casos de dengue registrados nos dois primeiros meses deste ano, em comparação ao mesmo período de 2002. Dados preliminares mostram que o total de casos até fevereiro foi de 44.676 notificações. No ano passado, foram 187.138 casos. E houve maior diminuição justamente no Rio de Janeiro, o Estado mais atingido pela epidemia em 2002. Conforme os números da Funasa, até agora há 1.268 casos registrados, pouco, se comparado aos 79,6 mil verificados no começo do ano passado. Parece que os cariocas não deram moleza ao Aedes aegypti (o mosquito transmissor do vírus da dengue). O governo também comemora a expressiva queda de casos na Bahia (de 17,6 mil em janeiro e fevereiro de 2002 para 59 este ano) e em Minas Gerais
(de 14,7 mil registros para 2,9 mil na contagem atual). “A lição de casa foi bem-feita. O programa de combate à dengue lançado em julho do
ano passado está sendo seguido à risca pelos Estados, municípios e pela população”, afirma Jarbas Barbosa, diretor do Centro de Epidemiologia
da Funasa. Na opinião da epidemiologista Glória Teixeira, do Instituto
de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Bahia, uma das mudanças que contribuíram para a diminuição dos números da dengue foi o processo de descentralização do combate à epidemia, que teve como consequência o envolvimento maior das prefeituras e secretarias
de Saúde nas ações de controle da epidemia.

Porém, ainda é cedo para cantar vitória. Apesar da tendência de queda, o número de casos preocupa. E há pelo menos dois Estados – Acre e Espírito Santo – em que a epidemia cresce. Em fevereiro, os governos federal, estadual e municipal se uniram em ações de prevenção à dengue no Espírito Santo, onde o aumento no número de casos foi superior a 200%. Além disso, o período mais crítico para a dengue será depois que as chuvas efetivamente pararem, o que se espera que aconteça este mês. “Depois das chuvas é que surgem os pontos de empoçamento
de água, favorecendo a reprodução do mosquito transmissor”, diz o epidemiologista José Geraldo Leite, da Faculdade de Ciências Médicas
de Minas Gerais. Portanto, a confirmação da tendência de queda da epidemia depende do que acontecerá nos próximos 60 dias. “A guerra ainda não foi vencida. O mosquito só espera um momento de descuido para voltar”, alerta Jarbas Barbosa.

Vida sem risco
    
Infectologistas do mundo todo estão preocupados com uma forma grave e altamente contagiosa de pneumonia, detectada em fevereiro na China e no Vietnã. Até quinta-feira 13, havia cerca de 300 casos e cinco mortes causadas pela doença. No Hospital Prince of Wales, em Hong Kong, a infecção misteriosa atingiu mais de 40 funcionários e os pacientes que esperam atendimento de emergência se protegem com máscaras (foto). Em um comunicado na semana passada, a Organização Mundial de Saúde explica que os primeiros sinais da enfermidade se parecem com os da gripe, sucedidos de dores musculares e de cabeça. Os cientistas ainda não constataram ligações entre essa pneumonia e os casos de gripe em aves notificados em fevereiro.

Na África, o pesadelo do ebola voltou. Desde janeiro, o vírus já matou cerca de 100 pessoas. O microorganismo provoca uma febre hemorrágica severa em humanos e primatas (macacos, gorilas e chimpanzés), não tem cura e mata 90% dos infectados. Os casos se concentram nas florestas da República do Congo e da fronteira do Gabão (no centro-oeste africano).