O País está à beira de um ataque de nervos. A cinco meses da sucessão de Fernando Henrique Cardoso, escândalos, boatos sobre altos e baixos de candidaturas, turbulências no mercado financeiro, tudo isso faz o País viver a síndrome da TPE, a tensão pré-eleitoral. Enquanto Luiz Inácio Lula da Silva saboreia uma lua-de-mel com o eleitorado, o tucano José Serra vive o inferno das denúncias, com o risco de seguir o caminho de Roseana Sarney: ser obrigado a desistir da candidatura. O nervosismo e o desespero causados pela TPE de 2002 chegou a tal ponto que os governistas tiraram da cartola uma idéia esdrúxula: a de tentar a re-reeleição de FHC. A cartada no estilo Fujimori foi devidamente bombardeada pelo próprio FHC. A Bolsa caiu, atingindo o menor índice desde outubro do ano passado, o dólar alcançou a maior cotação deste ano, e o índice que mede o risco de investir no Brasil também subiu. A temperatura nos mercados foi para a estratosfera (leia reportagem à pag. 36) por causa da crise da candidatura oficial do Planalto e do fortalecimento da oposição.

A histeria das elites políticas e econômicas, no entanto, não vem sendo acompanhada pela população, que vive os problemas do cotidiano. Mais da metade dos eleitores, 54,4%, ainda não escolheu seu candidato a presidente da República, segundo a primeira pesquisa nacional ISTOÉ/Toledo & Associados sobre intenção de voto para o Planalto. Com margem de erro de 2,5%, a pesquisa, feita entre 1º e 5 de maio, ouviu 3.246 pessoas em 27 capitais e 126 cidades. A liderança de Lula continua firme e forte. O petista surge com 39,4% nas intenções de voto no cenário em que é confrontado com Serra (22,8%), com Ciro Gomes (PPS), que tem 13,8%, e com Anthony Garotinho (PSB), que aparece com 12,6%. Mas outro quadro apresentado ao eleitor mostra que as candidaturas ainda não têm densidade. Sinal disso é que quando são testados os nomes do apresentador de tevê Silvio Santos (PFL) e do empresário Antônio Ermírio de Moraes, os demais candidatos apresentam fragilidades. Assim, Lula cai para 29,9%, seguido de Silvio Santos (22,5%), Serra (16%), Garotinho (9,9%), Ciro (9,6%) e Antônio Ermírio (5%). “Vê-se, por exemplo, que, com a entrada de Silvio Santos, Lula perde votos e a coisa muda de figura”, observou o sociólogo Francisco José de Toledo, diretor-geral da Toledo & Associados.

 


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