A música clássica está mudando a vida de 200 jovens paulistas com idades entre dez e 18 anos. Eles trocaram os videogames e os CDs de axé pelas partituras desde que entraram no programa Acorde para as cordas, do Instituto Pão de Açúcar de Desenvolvimento Humano, criado há quatro anos pelo Grupo Pão de Açúcar. Deram-se tão bem que hoje compõem a orquestra oficial da rede. “Toda vez que subo ao palco, fico emocionado. Já toquei até no Teatro Municipal”, orgulha-se o violoncelista Lucas Franz Canada, 15 anos. O projeto musical é apenas um dos programas educacionais criados pelo instituto para beneficiar os filhos de funcionários e jovens das comunidades onde a empresa atua. Ao todo, eles envolvem quatro mil crianças e adolescentes. “Queremos estabelecer uma integração maior entre a empresa e a comunidade e apostamos na educação. Já investimos cerca de 13 milhões nestes programas”, informa Rosângela Bacima Quilici, diretora do instituto.

Todos os estudantes vão ao instituto três vezes por semana, têm aula de inglês e de informática. Os encontros são realizados em cinco unidades, localizadas nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. As “Casas do Instituto”, como são chamados esses espaços, funcionam dentro das próprias lojas do grupo e promovem o desenvolvimento escolar e profissional, além de incentivar práticas esportivas e musicais. “Essas atividades, além de ajudar o jovem na escola, também impedem que ele fique na rua ou na frente da televisão”, defende Rosângela. Outros projetos bem concorridos são Um Passo a Mais e Esporte&Ação. O primeiro é focado em dificuldades de aprendizagem. Aulas de reforço, dadas por profissionais do Servico Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), estimulam o raciocínio lógico e matemático e desenvolvem a expressão oral, a leitura e a escrita. Já o outro programa trabalha os valores associados ao esporte – como disciplina e espírito de equipe – por meio de oficinas. Mas, com o Acorde para as cordas, o programa Futuro@eu – de capacitação para o mercado de trabalho – é o que disputa mais acirradamente o gosto da garotada. Os adolescentes aprendem a lidar com o público fazendo uma espécie de estágio dentro das lojas do grupo.

Foi assim com os amigos Roberta Ávila Romão, 17 anos, Danielle Casadei, 16, Raquel Camila da Silva, 17, e Marcus Vinicius Cibella, 16, que há dois anos fazem parte dos programas da rede. “A minha passagem pelo instituto me abriu a cabeça para o mundo. Ajudou nos estudos e me deu mais condições de descobrir o que quero fazer profissionalmente”, conta Roberta, que treina no setor de roupas infantis de uma loja do centro de São Paulo. Os jovens que participam desse programa trabalham quatro horas por dia com registro em carteira e recebem uma ajuda de custo de R$ 116,10, assistência médica e vale-transporte. “Após o estágio, muitos deles são efetivados na empresa ou ficam cadastrados em nosso banco de dados aguardando contratação”, explica Rosângela. Os projetos do instituto são feitos em parceria com o Senac e o Instituto Avisalá de São Paulo.