Se dessem a Astrid Fontenelle um cartão de crédito com liberdade para gastar, ela começaria “pela rua Gabriel Monteiro da Silva, especializada em móveis e objetos para decoração”, diz a apresentadora da Rede Bandeirantes que, neste momento, está decorando o seu apartamento. “Seria uma festa para mim.” Para ela, portadora de três cartões com duas bandeiras diferentes, e para toda a torcida feminina do Flamengo.

Mulher e cartão de crédito fazem uma combinação explosiva. Juntos e em plena harmonia de objetivos – uma para gastar e o outro para ser gasto – as brasileiras que têm um cartão de crédito na carteira vão gastar, neste ano, cerca R$ 23,8 bilhões, algo equivalente à soma do faturamento de Volkswagen, Shell e Carrefour no ano passado. Do total de 11,24 milhões de mulheres que compõem a população economicamente ativa do Brasil (com mais de 15 anos e renda mensal superior a R$ 300, o valor mínimo médio exigido pelas administradoras), 41% são portadoras de cartão de crédito, o que significa 4,58 milhões de pessoas.

As mulheres adoram o dinheiro de plástico, que abre ao mesmo tempo as portas do Empório Armani e do Barateiro, dependendo do fôlego da portadora para enfrentar o extrato no mês seguinte. E, não por acaso, são adoradas pelas administradoras. Além de fazerem as compras da família, alguma coisa (boa para os cartões) acontece quando elas estão diante do que “sempre quiseram na vida”, fenômeno que ocorre com frequência, para desespero dos titulares do cartão.

Um estudo da Credicard, a maior emissora de cartões de crédito do País, divulgado na última semana de abril, indica que a posse de cartão de crédito é proporcionalmente maior entre as mulheres. Apesar de possuírem menor participação entre os titulares, elas representam a maioria dos cartões adicionais, o que faz com que a posse de plásticos seja maior entre elas. Em números absolutos, são 1,13 milhão de portadoras na faixa de renda entre R$ 300 e R$ 500 e 1,74 milhão com renda entre R$ 500 e R$ 1 mil.

As mulheres são verdadeiras mães para as administradoras. Costumam postergar pagamentos (também adoram um chequinho pré-datado), o
que lhes custa um adicional médio de 10%. No cardápio das compras tem de tudo: produtos de farmácia (com prioridade, claro, para a perfumaria), hotéis, viagens, passagens aéreas, roupas e supermercados, na seguinte ordem de prioridade: turismo e entretenimento, 55%; vestuário, 51%; moradia 52%; alimentação, 43%; saúde, 41%; veículos, 20%,
hobby, 20%.

Na entrevista em que apresentou a pesquisa, a vice-presidente de marketing da Credicard, Carla Schmitzberger, admitiu que os resultados aumentam as possibilidades de a administradora promover promoções diferenciadas para as mulheres, alguma coisa na linha de parcerias com salões de beleza e academias de ginástica. Um presente para quem garante uma boa parte da liderança da empresa no mercado e um pedaço significativo do faturamento, estimado em R$ 17 bilhões em 2001. Mulher & cartão pode não dar samba, mas a química da parceria é um sucesso.

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