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TODOS QUEREM IR
No mais recente jantar, Dilma e o presidente da Câmara, Marco Maia,
conversaram sobre as candidaturas de deputados federais do PT

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Na política, gestos falam mais que palavras. E há poucos gestos tão simbólicos quanto abrir a própria casa para receber aliados, interlocutores ou rivais. Em seu segundo ano no poder, a presidenta Dilma Rousseff dá demonstrações de que está disposta a investir na articulação política, melhorando sua relação com o Congresso, e na costura de palanques eleitorais. Marcando posição em relação ao ex-presidente Lula, ela revela um jeito próprio de negociar, lançando mão da hospitalidade em jantares informais, porém reservados, no Palácio da Alvorada, sua residência oficial. Longe dos olhos de assessores e sem a pressão da agenda diária do Palácio do Planalto, Dilma tem estreitado laços com caciques do PT e de outros partidos da base, pacificando crises às vésperas das eleições de outubro e costurando acordos para 2014.

Foi assim, por exemplo, há três semanas, quando recebeu os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, e do Ceará, Cid Gomes. O convite surgiu em meio às especulações de um possível rompimento do PSB com o governo. Logo que a dupla pisou no Alvorada, Dilma declarou que o objetivo do jantar era dizer que compreendia as divergências eleitorais, mas queria a base unida e o apoio de ambos. “Meu governo precisa do PSB”, disse. A conversa foi acompanhada de sopa de legumes, bacalhau e regada a um vinho da região de Petrolina (PE) – cardápio coordenado pela mãe da presidenta, Dilma Jane, e a tia Arilda.

Três horas depois, Campos e Gomes deixaram o local bem mais tranquilos e falando até em apoio a Dilma numa eventual reeleição. Uma semana antes, a presidenta havia recebido também no Alvorada o presidente do PT, Rui Falcão. A ideia era acertar os detalhes da aliança com o PMDB para lançar o ex-ministro Patrus Ananias como candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, depois do rompimento de Márcio Lacerda com o PT. Numa atividade social pouco vista desde o início de seu governo, a presidenta também convidou para um jantar no Alvorada o presidente da Câmara, Marco Maia. Acompanhado da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, Dilma queria de Maia o compromisso de que não seriam aprovados antes do recesso temas considerados polêmicos, principalmente que implicassem em impacto negativo no orçamento.

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Cumprida a primeira parte do acordo, foi a vez de Maia oferecer um jantar à presidenta na residência oficial da Câmara no Lago Sul. À mesa, havia dois tipos de peixe e carne assada, além de uma pauta ampla de assuntos. Dilma e o presidente da Câmara, cercados de vários ministros, conversaram sobre as candidaturas de deputados federais petistas. Dilma não jantou, pois já havia comido antes, mas provou uma musse de doce de leite e tomou um refrigerante. O clima de informalidade garantiu fotos dela com candidatos e deixou boa impressão. Muito político vem torcendo para ser convidado para o próximo jantar, mas é preciso cautela. “Os jantares de Dilma são um gesto raro, diante de situações delicadas”, alerta um assessor. 


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