Ele é cabeludo, barbudo e, apesar disso, seu apelido é Kojak. Fala um português tipicamente americano, mas isso não o impede de trocar uma idéia com um mano da periferia de São Paulo. Não se naturalizou brasileiro, porém participou da campanha pela indicação de um senador à candidatura para a Presidência da República do Brasil. Até janeiro de 2001 jamais tinha tocado aqui, mas é tecladista da banda do cantor que mais sucesso fez no ano passado. Estamos falando do senhor Alphonce di Prima, 25 anos, mais conhecido como Kojak, o hóspede do barulho do senador Suplicy e dos filhos João e Supla.

A esta altura você deve estar se perguntando. “O que essa figura faz na casa de um dos políticos mais famosos do Brasil?” A história começou há quase cinco anos. Kojak conheceu Supla em Nova York, onde ambos moraram nos anos 90. Apaixonado por hip-hop, o rapaz deixou a pacata Worcester, em Massachusetts, para conhecer a agitada e alucinada cena nova-iorquina. “Vi o Supla pela primeira vez em 1997. O encontro rolou numa festa de um grafiteiro amigo meu. Achei o cara muito louco”, conta Kojak, que toca guitarra desde os seis anos de idade. Supla logo o chamou para tocar teclado no Bossa Furiosa. A banda fazia uma estranha mistura de bossa nova, punk, hard core e o que mais pintasse. O apelido Kojak surgiu pouco depois de ele entrar no grupo. “Estava meio louco e cansado do meu cabelo. Então resolvi rapar. Aí o Loui, guitarrista da banda, me apelidou de Kojak.”

Problemas internos acabaram com a banda no final de 1998. Depois, só frustração. Kojak não conseguiu emplacar seus projetos musicais. Também não aguentava mais o emprego de motorista de caminhão. Para completar, estava cheio da velha fábrica abandonada onde morava desde que chegara à cidade. Sem muita opção, não vacilou ao aceitar o convite de Supla para vir a São Paulo. Chegou dias depois da eleição da mãe do amigo à prefeitura da cidade. Como estava sem grana, o punk gente boa se encarregou das despesas de transporte.

Além de morar de graça na casa da família Suplicy, Kojak produziu algumas músicas do disco de Supla, o Charada brasileiro. Atualmente faz participações especiais nos shows da banda que acompanha o cantor. Apareceu no Show do milhão com os participantes da Casa dos Artistas e foi cabo eleitoral de Eduardo Suplicy na prévia que indicou Lula para candidato do PT à Presidência. “É uma pena que ele não tenha vencido.

O senador é fantástico. Vive para ajudar as pessoas”, elogia o correligionário. Em retribuição à hospitalidade, jura que auxilia nas tarefas do lar. Dedica especial atenção a uma delas. “Eu ajudo a limpar a geladeira”, brinca. Kojak está fazendo um curso intensivo de Brasil. Por influência de seus anfitriões, foi três vezes ao estádio de futebol ver jogos do Santos. Em todas, o time oficial da família Suplicy perdeu. Na companhia do senador, visitou a favela do Heliópolis, uma das maiores de São Paulo. Sempre que pode vai aos botecos da Vila Madalena, o mais boêmio dos bairros paulistanos. Adora caipirinha e feijoada. Paixão maior? Só pelas mulheres brasileiras. “A Daniela Cicarelli é demais”, derrete-se. Está com uma menina. Mas garante que não é nada sério. No momento, está mais preocupado com a gravação do primeiro disco dos Hole Threes, banda da qual é produtor. Voltar para os Estados Unidos? Essa possibilidade não parece estar nos seus planos. “Tenho muita coisa
para fazer no Brasil. E além do mais adorei este País.” Também, com
um vidão desses…