Se o talento dos estilistas brasileiros tem feito brilhar o nome do País nas passarelas internacionais, o dos designers de jóias ilumina musas nacionais e também faz bonito lá fora. O mercado joalheiro não quer perder o bom momento. Luiza Brunet emprestará sua beleza brejeira à campanha Século XXI da Denoir, uma das mais importantes indústrias do setor joalheiro. A coleção, de design exclusivo, é composta de 25 peças. Recentemente, até a primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva se dispôs a mostrar a beleza das pedras preciosas nacionais tanto em recepções no Brasil quanto em suas viagens ao Exterior. Enquanto isso, todas as grandes joalherias brasileiras preparam coleções especiais para a Feira de Basel, o maior e mais importante evento do setor, que acontecerá de 3 a 10 de abril na Suíça.

O interesse pelas pedras preciosas nacionais, representadas principalmente por turmalinas, opalas e topázios imperiais, cresce a cada ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), a exportação de gemas brutas e lapidadas no ano passado rendeu ao País US$ 130 milhões (cerca de
R$ 455 milhões), 5% a mais do que em 2001. O volume de negócios em exportação de jóias prontas e matérias-primas alcançou US$ 700 milhões (R$ 2,45 bilhões), com previsão de crescimento para US$ 1 bilhão até 2006 (R$ 3,5 bilhões). Além disso, designers brasileiros são premiados com grande frequência em feiras estrangeiras. “A jóia brasileira agrada pela qualidade do material, pelo design e pela excelência no atendimento aos clientes. Está sendo reconhecida tanto por outros países quanto pelos consumidores nacionais”, afirma Hécliton Santini Henriques, presidente do IBGM. Reflexo disso foi o sucesso da 36ª Feninjer, maior feira do setor de jóias, relógios
e afins na América Latina, realizada no mês passado em São Paulo. Em quatro dias, ela movimentou R$ 80 milhões, R$ 5 milhões a mais do que em 2002.

Usar os produtos da terra está em alta. Na Feninjer, um bracelete feito com sementes de babaçu (planta amazônica), da Seculus da Amazônia Jóias, ganhou o prêmio de melhor jóia masculina. Para se apresentar na próxima feira na Suíça, a empresa criou a linha Tucumã, com sementes de plantas, couro e pedras brasileiras. “Pesquisamos bastante e chegamos à conclusão de que o mercado precisava de um produto alternativo, diferente. Começamos a utilizar as sementes em nossas jóias, no final do ano passado, e foi sucesso imediato. Por isso, decidimos estender a linha em 2003”, conta Ricardo Azevedo, presidente da empresa. As jóias são produzidas de forma artesanal por uma cooperativa de 1.500 índios num ateliê autorizado pelo Ibama. Como as sementes não são germinadas, não há estrago ecológico. “O mercado externo está de olho no Brasil. Na Suíça, montaremos um estande inspirado na Amazônia para chamar mais atenção”, conta a designer Carla Abras, criadora da linha Tucumã.

Aproveitando a onda ufanista, joalherias como CR Brünner, Vancox e Villar procuraram utilizar as nacionais rubelitas, turmalinas, citrinos, quartzos e peridotos para dar mais colorido a suas criações. Nem sempre, porém, o nosso produto foi tão valorizado. Até bem pouco tempo atrás, as pedras brasileiras eram consideradas semipreciosas, de valor inferior aos diamantes, rubis e esmeraldas, por exemplo. Em território nacional, elas quase não eram utilizadas.

“Era um absurdo. Temos materiais maravilhosos, de altíssimo valor, que eram ignorados”, conta Regina Machado, consultora de moda do IBGM. Segundo ela, tanto os designers brasileiros como as nossas pedras chegaram no momento certo. “Com raras exceções, são reproduzidos lá fora sempre os mesmos desenhos. Tudo é copiado. Fazemos sucesso porque somos diferentes”, afirma.