O dilema de Lula com o PMDB

O presidente Lula não quer entregar de mão beijada ao PMDB os dois ministérios que o partido exige para entrar na base governista. Mas, se não resolver logo a encrenca com o partido, o governo deve acabar sendo surpreendido. Quatro senadores – Dulciomar Gomes da Costa (PSD-PA), João Papa Leo (PTB-AP), João Batista da Mota (PPS-ES) e Romero Jucá (PSDB-RR) – estão negociando sua filiação ao PMDB. Com isso os peemedebistas, que hoje são 21 senadores, podem ultrapassar em tamanho o bloco governista, liderado pelo PT, que tem 24 senadores. Ou seja, o PMDB se tornaria o maior partido na Casa e desligado do governo. Com bala na agulha para causar todo tipo de problemas. Aliás, no mesmo estilo que a antiga cúpula tratou Fernando Henrique Cardoso: mordendo daqui, assoprando dali, ganhando cada vez mais espaço na máquina pública e desgastando a imagem do presidente. É o tal problema: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Renan versus Simon

Depois de uma longa conversa com o presidente do Senado, José Sarney, o líder do PMDB, Renan Calheiros, resolveu que Pedro Simon (PMDB-RS) não será mais titular da Comissão de Ética que julgará a cassação de ACM. Simon tornou-se suplente e, em seu lugar, entrou Luiz Octávio (PMDB-PA), aquele que foi acusado do sumiço de R$ 13 milhões do Banco do Brasil. “Certamente o meu conceito de ética não deve agradar ao Renan”, comentou Simon. Em tempo: ele havia dito ao líder que queria ser titular. Já Ramez Tebet (PMDB-MS), outro indicado como titular, nem sequer queria integrar a comissão. Renan teve que insistir.

Pânico petista

Preocupado com a crise entre o PMDB e o governo, o presidente do PT, José Genoino, tem feito reunião atrás de reunião com a cúpula peemedebista. Numa delas, defendeu abertamente que está mais do que na hora de o governo Lula promover uma reforma ministerial. Foi aí que surgiu o boato da queda do ministro da Fome, José Graziano.

Pecado capital

Quando era ministro da Reforma Agrária, no governo FHC, José Abrão levou ao papa João Paulo II um livreto sobre os avanços da situação no campo no Brasil. A tradução do livreto custou R$ 1.632,52, pagos com um cheque da empresa brasiliense Ilal Cursos. O cheque da tradução entregue ao papa estava sem fundos.

Araponguice

A propósito de nota publicada por esta coluna com arapongas da Abin acusando a Prefeitura de Vila Velha (ES) de envolver-se em irregularidades com duas empresas, o prefeito Max Mauro Filho esclarece: “A Enefer nunca teve nenhum contrato com a prefeitura. Quanto à Marval, teve seu contrato cancelado no início do ano passado.”

Espionagem

Há dois anos o serviço de inteligência francês recebeu informação de que algumas embaixadas daquele país estariam tendo seus serviços de comunicação grampeados pelos EUA. Um dos lugares suspeitos era Brasília. Uma varredura detalhada mostrou que a embaixada brasileira vinha sendo realmente monitorada. A solução foi fazer uma blindagem eletrônica e mudar as antenas de comunicação de lugar.

Rápidas

• O deputado Geddel Vieira Lima gravou uma conversa telefônica que manteve com um importante auxiliar de ACM. Ele se apresentou como “falando em nome do velho”.

• O ministro Ciro Gomes é o novo queridinho do Palácio do Planalto. Indicou todos os diretores do Dnocs e manteve um auxiliar de Byron Queiroz no Banco do Nordeste.

• Por falar em Banco do Nordeste, foram afastados de seus cargos 27 gerentes e superintendentes, todos funcionários de carreira. A militância do PT estava de olho nas vagas.

• O governo federal desconfia que a arrecadação do
Tesouro do Rio de Janeiro anda bem maior do que a anunciada
pela equipe de Rosinha Matheus.