Numa das cenas de O conde de Monte Cristo (The count of Monte Cristo, Estados Unidos, 2002), cartaz nacional, um nobre francês é sequestrado e, como prova de que está vivo, quase tem o dedo mínimo amputado. A sequência da ficção prova como certos métodos de bandidagem não mudaram muito desde os tempos napoleônicos, época em que se passa a história deste filme capa e espada, tirado do segundo mais famoso livro de Alexandre Dumas. Centrada na vingança do marinheiro Edmond Dantes (Jim Caviezel), traído pelo amigo Fernand (Guy Pearce) e feito prisioneiro durante 13 anos, a história já foi várias vezes levada às telas. Mas desta vez ganhou uma versão menos empolada nas mãos do diretor Kevin Reynolds, que soube tirar proveito do estilo rocambolesco do romance, bem propício aos filmes de aventura.

Piratas mal-encarados, mapas de tesouro, lutas de espada, ilhas escarpadas, prisões de fuga impossível continuam no buquê de atrativos que já provocou delírio em muitos adolescentes do passado. O problema é que, para tornar o enredo palatável a platéias atualmente educadas no binômio explosões e porradas, Reynolds optou por realçar os elementos mais folhetinescos da história. Assim, no clímax de uma cena-chave aparece um personagem no último momento ou, por indícios óbvios, fica-se sabendo o que vai acontecer nos próximos minutos. A sensação é a de que se está diante dos últimos capítulos de uma telenovela.