Alto, bonito, desta vez moreno e não loiro como imaginou sua criadora, a escritora americana Anne Rice, o vampiro Lestat acaba de despertar de um sono de décadas. Para recuperar o tempo perdido, quer cair na farra. Reinventa-se, então, como um astro de rock pesado. Algo assim como um Marilyn Manson mais dark e menos patético. Charmoso, sensual e com sede de fama proporcional à de sangue fresco, Lestat quer ir além. Na ânsia de poder, glória e jugulares, com sua música estridente acaba acordando de um repouso de séculos a rainha Akasha, mãe de todos os vampiros, linda, malíssima e gélida como a tumba em que permaneceu petrificada desde que governava o Egito. Louca para afiar os caninos, Akasha também pretende dominar o mundo, tendo ao seu lado um novo rei: Lestat. Fã das crônicas de vampiro, escritas aos borbotões por Anne Rice, o diretor Michael Rymer não via a hora de transformar o terceiro volume em filme. Realizou, assim, A rainha dos condenados (Queen of the damned, Estados Unidos, 2001), cartaz nacional na sexta-feira 10.

Divertido e transpirando sensualidade, a história foge do horror tradicional e cheio de clichês das fitas de vampiros. Segue o padrão Anne Rice, no qual o sexo através das mordidas pode ser exercido em sua plenitude, acima de qualquer barreira ou preconceito. A dupla vampiresca se encaixou muito bem nos seus respectivos papéis. Quem incorpora Lestat é o jovem e ainda desconhecido Stuart Townsend. A nefasta Akasha é interpretada por Aaliyah que, por maldição, muitos crédulos diriam, morreu num acidente de avião, em agosto de 2001, aos 22 anos, mostrando ao mundo uma personalidade completamente oposta à de sua personagem. Na tela, porém, fuja de seus lábios carnudos.