Se é possível carregar no bolso um celular, um computador ou um aparelho de som (na forma de iPod ou mp3), por que não carregar um livro? Em quase todo o mundo, o pocket book é sucesso de público e engorda os cofres das editoras. No Brasil, esse formato de livro demorou a emplacar, mas chegou a sua hora. O empresário Sérgio Machado, presidente da Record, associou-se à canadense Harlequin e fundou a HR, exclusivamente de livros de bolso. “Queremos é competir no mercado de entretenimento”, diz ele. Machado nada mais fez que pensar em diversão cultural e enxergar números, só que isso já é muito num mercado tão estreito como é o mercado editorial brasileiro. Por exemplo: coleções de livros de bolso destinadas ao público feminino e vendidas por até R$ 3,90 nunca mofaram nas livrarias. Então, por que não pensar nelas? A editora HR apostou, e com sucesso, naquilo que ela própria chama de livros descartáveis.

A Companhia das Letras, a exemplo da L&PM Pocket (uma ramificação da L&PM), segue na mesma direção com uma única diferença – em vez de livros de leitura necessariamente fácil, está investindo em colocar no bolso do leitor uma literatura mais densa – mas, assim mesmo, barata. Obras de autores como Vinicius de Moraes, Drauzio Varella, Friedrich Nietzsche e Carl Sagan (selo Companhia de Bolso) saem por preços que variam entre R$ 14 e R$ 22. O selo é hoje a “nave-mãe da empresa”, com 65% dos lançamentos e seis milhões de exemplares vendidos nos últimos seis anos.

A Ediouro ainda está testando o formato com a coleção de Guinness temáticos. Medindo 10 cm x 10 cm, eles custam R$ 9 e têm como alvos os adolescentes. A direção editorial da Nova Fronteira está tão satisfeita com a saída pelo “bolso” que pretende ampliar as vendas para “farmácias, açougues e postos de gasolina”, diz o seu diretor, Carlos Barbosa. Para Alexandre Martins Fontes, diretor executivo da editora que leva o seu sobrenome, “livro de bolso não é o livro pequeno, é o mais barato, o que se consegue através de grandes tiragens”. Essa é a mesma estratégia da Sextante, que reúne clássicos em versões resumidas a preços em torno de R$ 9,90 e tiragem de 12 mil exemplares. A diretora da Jorge Zahar, Cristina Zahar, aposta que a consolidação desse segmento atrairá novos leitores. Ela lançou livros de bolso de arte, que custam R$ 19,50. “O meu objetivo é popularizar a arte e ampliar o debate sobre o tema”, diz Cristina. Também nessa linha segue a editora Cosacnaify com a coleção FotoPortátil, que a preços populares democratiza a rica e belíssima produção fotográfica nacional.