Ser ou não ser. Essa é a questão colocada aos heróis de X-Men – o confronto final (X-Men: the last strand, EUA, 2006), que estréia na sexta-feira 26. Esse é o terceiro e último episódio da saga dos supermutantes X (que saltou com sucesso dos gibís às telas de cinema) e nele a maior batalha é travada intimamente pela dra. Jean Gray (interpretada por Fanke Janssen). Em seu processo de constante mutação, ela passa a representar um perigo para si própria, porque pode morrer, e para a humanidade, porque pode exterminá-la. Como os cientistas descobriram um meio de interromper essa mutação, a dra. Jean Gray pode sobreviver, mas aí se transformará em um ser humano comum e perderá seus superpoderes especiais. A partir desse momento, em que ela pode escolher entre ser ou não uma mutante, os guerreiros bons, ou seja, os X-Men comandados pelo professor Charles Xavier (interpretado por Patrick Stewart), passam a guerrear com os mutantes maus da Irmandade dos Mutantes, que abomina a raça humana e é liderada por Magneto (interpretado por Ian McKellen).

Bryan Singer, que dirigiu os filmes anteriores da série, poderia ter continuado no comando dos heróis desses quadrinhos da Marvel Comics (decorrência natural de sua parceria com o estúdio), mas preferiu dedicar-se ao problemático e ambicioso O retorno do Super-Homem (Superman returns, EUA, 2006), que não decolava nas mãos de Brett Ratner. E Ratner, por sua vez, migrou para os X-Men. Resultado: esse é o melhor dos três episódios. Some-se à boa direção o elenco milionário com Patrick Stewart (Xavier), Hugh Jackman (Wolverine), Halle Berry (Tempestade), Rebecca Romijin (Mistica), Ben Foster (Anjo), Ellen Page (Lince Negra) e Kelsey Grammer (Fera). O produto final das interpretações é um embate de titãs à moda da mitologia grega. O conflito principal, é claro, se dá entre o Bem e o Mal. Do lado dos mocinhos (X-Men) está o professor Xavier, que comanda uma escola de treinamento para mutantes e procura a normalidade de relações com os seres humanos. Os antagonistas, da Irmandade, são liderados por Magneto, que despreza os homens e acredita que seus parceiros geneticamente exóticos só viverão todo o seu potencial com a extinção dos ocupantes diferentes do planeta – ou seja, nós. “O que procurei fazer nessa história, baseada no último capítulo da série da Marvel, foi dar maior visibilidade ao lado existencial dos personagens, que está presente de modo muito claro nos quadrinhos”, diz Ratner. Mas que ninguém espere a monotonia dos divãs de psicanalistas nessa proposta. A ação está melhor do que nunca e os efeitos especiais proporcionam cenas espetaculares – para uma delas construiu-se uma réplica da ponte Golden Gate de quase 800 metros. O Anjo, que é um “anjo” mesmo com asinha e tudo, e o Fera, personificado por Grammer (ator conhecido pelos seriados Cheers e Frasier), foram acréscimos positivos à história.

Apesar de mostrar criaturas que voam e provocam tempestades e seres que cortam aço com raios saídos dos olhos e têm poderes telepáticos, o diretor de elenco, Alexander Aja, jura que buscou ao máximo o realismo. “O meu conceito foi fazer o filme parecer o mais real possível, selecionando atores capazes de dar vida a tais personagens da forma mais natural e autêntica possível”, diz ele. É claro que fica difícil para o público aceitar que a atriz Rebecca Romijin tenha mesmo como característica genética a pele azulada que tem a sua personagem Mistica – fruto de uma maquiagem que continua levando horas para ser aplicada. Mas quem está ligando para a realidade quando assiste a X-Men – o confronto final? Ele é um ótimo e divertido filme para o verão americano. E isso para os americanos é tudo


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias