Quando se trata de observar o céu, o mais difícil é calcular a que distância estão os objetos do cosmos em relação à Terra. Os telescópios, as sondas e demais equipamentos de estudo do espaço só dão conta de flagrar astros e galáxias situados a 13,8 bilhões de anos-luz (um ano-luz equivale a 9,461 trilhões de quilômetros). Em outras palavras, só 5% de tudo que existe no universo é conhecido pelos cientistas. O restante é um mistério que os impulsiona a tentar decifrar uma charada astronômica: qual o tamanho do “infinito” e de que ele é feito?

O primeiro passo para resolver esse enigma acaba de ser dado pelo astrônomo Chris Blake, da Universidade de Colúmbia Britânica, no Canadá. Em parceria com instituições do Reino Unido, dos EUA e da Austrália, ele elaborou o maior mapa tridimensional do cosmos. Trabalhando com dados obtidos pelo Telescópio Anglo-Australiano, Blake teve acesso a observações precisas da distância de dez mil galáxias. A partir delas, ele desenvolveu um programa de computador que projetou a localização exata de outras 990 mil. No espaço elas costumam emitir uma luz que se propaga e, nesse trajeto, sofrem distorções que são captadas pelos aparelhos de observação na Terra – e também pelas sondas espalhadas no espaço. Quanto maior a distorção, mais longe está o ponto de origem. Após comparar cada feixe luminoso emitido, Blake e sua equipe calcularam as distâncias das galáxias. “Mais de um milhão delas estão mais longe da Terra do que imaginávamos”, diz ele.

Com esse projeto é possível também demarcar a fronteira celeste que separa a nossa galáxia das demais. Antes se imaginava que elas se aglomeravam a um bilhão de anos-luz, o equivalente a um bilhão de vezes a distância entre a Terra e Plutão, o último planeta do Sistema Solar. “Descobrimos que há galáxias gigantescas e muito mais perto”, diz Blake. Ao montar as peças desse colossal quebra-cabeça, os especialistas agora concluíram: 90% das maravilhas do universo não se projetam no céu que admiramos em claras noites de lua cheia.


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