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FACES DISTINTAS
O ativista em um de seus poucos momentos de descontração com a família
nos anos 1960 (acima), e quando ainda estava no Partido Comunista, em 1945 (abaixo)

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Um homem à frente de seu tempo, que desde os anos 1930 militava pela liberdade religiosa, em defesa do divórcio e do feminismo. Assim é Carlos Marighella sob a visão de Isa Ferraz, cineasta responsável pelo documentário “Marighella”, com estreia na sexta-feira 10 de agosto. Sobrinha do militante, ela dá luz a fatos obscuros da vida desse poeta e guerrilheiro brasileiro de história ainda pouco conhecida. “O que as pessoas sabem é que ele foi um membro da Ação Libertadora Nacional assassinado brutalmente pela ditadura. Mas isso aconteceu entre 1966 e 1969”, diz a diretora. “É muito pouco para quem militava desde 1932.”

Isa reuniu 31 entrevistados para contar as histórias que ouviu de familiares sobre o tio que, de tempos em tempos, passava a temporada exilado em sua casa. “Procurei escolher pessoas que conviveram de maneira próxima a Marighella”, diz a diretora ao explicar os critérios da escolha. Entre esses personagens estão o intelectual Antônio Candido e Clara Sharf, esposa do guerrilheiro por duas décadas. No filme, a viúva conta histórias de todos os tipos, desde as mais políticas e polêmicas, envolvendo a luta contra os militares, até as mais amenas e pessoais, que retratam a intimidade e os momentos mais apaixonados do casal.

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Para dar movimento a esse baú aberto de informações preciosas, Isa partiu em busca de imagens e documentos raros. “Não existe nenhuma filmagem do Marighella vivo. Tentamos com o governo cubano, russo, chinês, com autoridades de todos os lugares por onde ele passou. Até o Lula pediu pessoalmente uma pesquisa para Raúl Castro”, conta a diretora. Mesmo sem imagens de vídeo, o documentário conta com algumas joias raras. Entre elas, documentos secretos da CIA sobre Carlos Marighella e uma entrevista inédita dada por ele à Radio Havana em 1967 e encontrada em perfeito estado de conservação. “Nela é possível perceber as nuances do pensamento dele, uma coisa a que raramente temos acesso.” A diretora descobriu também nomes importantes que contribuíram com a ALN e que até hoje permaneciam obscuros, caso do dramaturgo Ruy Guerra, da atriz Norma Bengell e do cantor Caetano Veloso. “Até o cineasta francês Jean-Luc Goddard mandou dinheiro para a ALN”, revela Isa.

Lançado previamente na data do centenário e nascimento de Marighella, em 5 de dezembro de 2011, o longa-metragem ganha as salas de cinema ao mesmo tempo em que se discute a Comissão Nacional da Verdade, criada para investigar as violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988 no Brasil. Apesar de achar o momento oportuno, a diretora diz ter sido uma coincidência, e alerta quem espera por um filme jornalístico sobre seu tio. “Essa é apenas uma das milhares de leituras possíveis sobre o personagem”, diz. “É o meu ponto de vista. É o filme da sobrinha.”


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