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Mais de 200 pessoas, em sua maioria civis, faleceram na quarta-feira (18) na Síria, 38 delas em Damasco, onde ocorrem combates há cinco dias entre o exército e os rebeldes, informou nesta quinta-feira o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Ao menos 214 pessoas, entre elas 124 civis, 62 soldados e 28 rebeldes morreram em todo o país, disse o OSDH, que não incluiu em seu balanço os três funcionários de alto escalão sírios, entre eles o cunhado do presidente Bashar al-Assad, falecidos em um atentado no centro da capital. O maior número de mortos foi contabilizado na província de Damasco, onde 78 pessoas faleceram, 38 delas na capital.

"Estão atirando em qualquer um"
 
Confrontos aconteceram nesta quinta-feira perto da sede do governo sírio em Damasco depois que rebeldes atacaram forças leais ao presidente Bashar al-Assad, que deslocaram veículos blindados e aumentaram os bloqueios nas rodovias pela cidade, afirmaram ativistas e moradores. Pelo menos uma pessoa foi declarada morta nos combates no bairro de Ikhlas, perto do um enorme complexo do Conselho dos Ministros, e no campus da Universidade de Damasco, disseram.
 
Centenas de famílias estavam fugindo da região localizada entre os distritos de Kafar Souseh e Mezze, acrescentaram as fontes. "Os refugiados não têm para onde ir. Há lutas por toda a cidade de Damasco", afirmou uma dona de casa que observava o confronto de uma torre perto do gabinete do primeiro-ministro.
 
As lutas estão concentradas nos subúrbios do sul e nordeste da cidade, assim como nas regiões centrais de Mezze e Kafar Souseh, onde diversos locais de segurança estão localizados. Outras partes do centro de Damasco estavam calmas na quinta-feira.
 
Outro morador disse que atiradores do Exército foram dispostos em telhados em Mezze e Kafar Souseh, após rebeldes atacarem veículos blindados estacionados perto do gabinete do primeiro-ministro e um bloqueio na estrada foi levantado nos últimos dias, atrás da embaixada iraniana. "Os atiradores estão disparando em qualquer um nas ruas. As ruas de Mezze estão desertas", contou, falando ao telefone.
 
Combates também foram relatados em Midan, um bairro central de muçulmanos sunitas, onde os rebeldes têm operado em becos e ruas estreitas em que não se pode entrar facilmente com tanques. Testemunhas também disseram que carros blindados entraram no bairro de Sinaa, que fica ao lado do histórico centro da Cidade Velha da antiga capital.
 
Oposição diz que Assad se refugiou no litoral
 
O presidente sírio, Bashar al-Assad, está na cidade litorânea de Latakia, comandando a resposta ao ataque que matou três de seus principais chefes militares, disseram fontes da oposição e um diplomata ocidental nesta quinta-feira. Fontes ligadas ao governo negam a informação.
 
Assad, que não aparece em público desde a explosão de quarta-feira que matou seu cunhado e outras duas importantes figuras de Defesa na capital Damasco, está comandando a operação do governo, segunda as fontes. Não ficou claro se Assad teria viajado para o balneário no mar Mediterrâneo antes ou depois do ataque. "Nossa informação é que ele está em seu palácio em Latakia e que ele pode estar lá há alguns dias", disse uma importante figura da oposição, que pediu anonimato.
 
O palácio, que já foi usado no passado por Assad para realizar reuniões oficiais, fica localizado em montanhas perto da cidade, onde fica o principal porto da Síria. Várias cidades na província de Latakia são habitadas por membros da seita alauíta, de Assad, que é minoria no país.
 
No entanto, uma fonte oficial negou à EFE que Assad tenha se transferido à cidade de Latakia para planejar uma resposta ao ataque e afirmou que ele desempenhou normalmente suas funções em Damasco nesta quinta-feira. O diário libanês As Safir, próximo ao regime sírio, também afirma que o chefe de Estado se encontra em seu escritório na capital.
 
"Todo mundo está olhando agora para como Assad pode manter a estrutura de comando. As mortes de ontem foram um golpe forte, mas não fatal", disse à Reuters um diplomata ocidental.