Contágio é a palavra mais usada nos últimos tempos para descrever o temor que assola o mundo com a onda crescente de más notícias vindas da economia americana. O contágio está rondando as bolsas. O contágio está inspirando apostas em um eventual repique inflacionário – que o presidente Lula definiu como “doença desgraçada”. O contágio está provocando efeitos negativos nas cotações da safra agrícola. O contágio pode arrefecer ânimos de investimento por parte da indústria. O contágio é a praga da vez. E é por medo dele que todos estão refazendo cálculos sobre o crescimento da economia brasileira daqui por diante – e isso antes mesmo de um entendimento sobre o real tamanho dessa contaminação. É como se tudo parasse à espera do tal contágio. Ele vem, então suspendam o que estão planejando e comecem a ajudar na sua chegada. Seria a ordem em vigor. No sistema financeiro, em geral, o simples boato de que um banco pode vir a quebrar já torna a menção uma realidade. Com a crise dos EUA parece estar existindo exatamente o mesmo fenômeno. O Brasil vinha seguindo em rota firme e sustentável de crescimento, baseada em fundamentos sólidos. O emprego cresceu. A renda, por tabela. Os investimentos subiram. A arrecadação pegou carona. Os financiamentos estão em alta. O consumo foi atrás. O PIB poucas vezes esteve tão robusto. Mas, de uma hora para outra, como que por uma conspiração astral, as forças de mercado estão pedindo para o País voltar atrás e colaborar com a onda de contágio. O fato em questão é: não se pode desconsiderar a possibilidade do tal contágio. Ele vai vir de alguma maneira e em certo grau de intensidade. Mas também não se deve dirigir todo esforço para a medição de seu impacto. Ele será tanto maior quanto maior a tendência de apatia geral. Soa no mínimo animador que as chamadas potências econômicas estejam por esses dias pedindo ajuda aos países emergentes, como o Brasil. Valeria a receita de tratamento do medo de contágio com uma safra de ações positivas na direção do crescimento. É a melhor rota.