Lembrado como o papa do frevo, o pernambucano Lourenço da Fonseca Barbosa, nome artístico Capiba (1904-1997), também legou canções de grandes harmonias e melodias que sensibilizaram gerações nas vozes potentes dos cantores de muitas décadas passadas. Pensando neste lado nada carnavalesco do compositor, o violonista fluminense Raphael Rabello, morto prematuramente em 1995, aos 32 anos, quis organizar um disco, musicalmente pilotado por ele, trazendo convidados que dessem ainda mais brilho às já brilhantes canções de Capiba. Infelizmente, Rabello não viu o projeto totalmente pronto. Faltava apenas colocar voz em duas músicas, tarefa levada adiante por sua irmã Luciana Rabello e por Daniel de Souza, filho do sociólogo Betinho. Para os vocais de uma seleção de frevos, convidaram Claudionor Germano, um especialista em Capiba, e para Sino, claro sino trouxeram Milton Nascimento, que, em duo com Rabello, imprimiu ainda mais beleza à canção assinada em parceria com Carlos Pena Filho. O resultado está no disco Mestre Capiba por Raphael Rabello e convidados.

Valsa verde

recorre à delicadeza majestática de Paulinho da Viola. A canção também ganha versão instrumental no violão de Rabello com orquestra sob a regência de Francis Hime. Gal Costa engalana de sensibilidade o samba-canção

Resto de saudade

; Caetano Veloso dá o tom velha bossa nova a

Olinda, cidade eterna

; Ney Matogrosso apimenta a valsa-guarânia

Serenata suburbana

; e Maria Bethânia, não poderia ser outra, ressalta com parcimoniosa dramaticidade a inocência interiorana do chorinho

Cais do porto

. Só para lembrar, o nome da cantora, escolhido pelo irmão Caetano, saiu da canção

Maria Bethânia

, composta por Capiba para a peça

Senhora do engenho

. Grande referência.