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Natureza em fúria Com 18 quilômetros de diâmetro em seu epicentro, o Dean abriu a temível temporada de furacões deste ano no oceano Atlântico

 

”O pior ainda está por vir.” A frase realista é de um dos mais conceituados especialistas em clima em todo o mundo, Gerry Bell, diretor da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA). Referese ao furacão Dean, que na semana passada colocou em pânico a Jamaica, desesperou Cuba e deixou em alerta nos EUA as autoridades e a população do Texas e da Flórida. O climatologista Bell é um homem acostumado a pensar com frieza mas não é catastrófico. E ele somente disse o que disse porque tem a certeza de que determinadas tormentas da natureza fustigam periodicamente as mesmas regiões do planeta – certeza idêntica, não teórica mas tragicamente prática, têm os habitantes desses lugares.

Foi na noite da segunda-feira 20 que a costa sul da Jamaica recebeu o primeiro solavanco de ventos de 230 quilômetros por hora, seguidos de fortes tempestades. O pesadelo se repetia. Árvores e casas foram arrancadas do chão. Tão rápido quanto a ventania do Dean, no entanto, foi o alerta do NOAA para que o maior número possível de moradores fosse afastado da zona de perigo. A primeira-ministra jamaicana Portia Simpson-Miller cancelou as folgas de todos os policiais, bombeiros e guardas carcerários para enfrentar a passagem do furacão. Escolas, igrejas e quadras esportivas foram transformadas em abrigos de emergência. Foi devido a essa ação preventiva que a grande tragédia não ocorreu – lamentam-se os quatro mortos jamaicanos, mas sem tais providências o número de vítimas teria sido exponencialmente maior.

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A Jamaica não estava sozinha no pesadelo. Seguindo-se indicações de satélites rastreou-se o Dean em direção a Cuba, Golfo do México, Texas e Flórida – e mais de 400 mil pessoas foram retiradas de locais de risco. Com 18 quilômetros de diâmetro em seu epicentro, esse que foi o primeiro furacão da temporada no Atlântico Norte deslocava-se com categoria 4 na escala Saffir-Simpson (a máxima é 5). Apesar de não ter passado diretamente por Cuba, a sua proximidade foi suficiente para provocar inundações no leste da ilha. Antes de chegar ao México, o Dean já estava “exausto” e foi perdendo a força. Mas, ainda assim, três milhões e meio de pessoas do Estado de Veracruz foram retiradas. Também os EUA acionaram o alerta. Na Lousiana (destruída em 2005 pelo Katrina) as autoridades decretaram estado de emergência e o Texas declarou o Dean uma “ameaça iminente”. Preocupado em ter de amargar as mesmas críticas da época da tragédia com o Katrina, o presidente George W. Bush não hesitou em liberar pessoal, equipamento e mantimentos à região para enfrentar o furacão no litoral.

Todos esses cuidados, somados ao fenômeno natural de perda de força do Dean, levaram à segurança milhões de pessoas. Segundo Gerry Bell, o Dean apenas abriu a temporada de furacões no Atlântico e “as maiores ocorrências serão próximas ao dia 14 de outubro” – o período de tempestades, este ano, deverá ficar acima da média das últimas quatro décadas, quando ocorreram 10,9 tempestades, 6,1 furacões e 2,3 furacões intensos por temporada.


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