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SUCESSO Helinho faz dieta rígida e melhorou da hiperatividade. Seus pais, Solimar e Hélio, aprovam o método

 

Esqueça tudo o que ouviu falar até hoje sobre calorias e os efeitos da combinação de carboidratos e proteínas. O segredo da boa alimentação está em descobrir – e respeitar – as particularidades de cada organismo. Por essa premissa, há risco de que aquele cacho de uva que você come com prazer, por exemplo, cause reações nada benéficas ao seu corpo. Pelo menos é isso o que acreditam representantes de uma nova corrente da nutrição, os nutricionistas funcionais. Segundo essa linha de estudos, por mecanismos individuais, pode-se responder mal a alimentos e, com isso, sofrer reações alérgicas muitas vezes não reconhecidas como tal. A repetição dos episódios é nefasta. “O consumo excessivo de um alimento tido como inofensivo pode estar na origem de males como enxaqueca, ansiedade, tensão pré-menstrual, rinite, distúrbios de comportamento e hiperatividade”, explica a especialista em nutrição funcional Patricia Haiat Davidson, do Rio de Janeiro.

Os mecanismos que levam a esse desfecho só começaram a ser desvendados a partir da constatação de que é o metabolismo de cada um que determina o que e como o corpo aproveita os alimentos. “Posso me dar bem com aspargos ou leite, mas outra pessoa pode não ter as enzimas exigidas para a boa digestão”, explica Valéria Paschoal, vice-presidente do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional. Para esse segundo indivíduo, o resultado da ingestão repetida desses alimentos pode ser o desenvolvimento das alergias tardias. “Isso ocorre porque, com o tempo, o corpo se torna sensível às substâncias que não aproveita e se defende”, explica a nutricionista Lucyanna Kalluf, de São Paulo. A partir daí, o que se segue é a liberação de várias substâncias que, no final da cascata, prejudicam o funcionamento cerebral e todo o sistema vascular, expondo o organismo a várias doenças. Um dos pontos atingidos, por exemplo, é a fabricação de serotonina, composto envolvido no processamento das emoções. Em desequilíbrio, pode levar à depressão e ao agravamento dos sintomas da TPM.

Baseados nessa nova abordagem, os nutricionistas têm trabalhado em parceria com médicos para melhorar sintomas e prevenir doenças. Foi por intermédio de um psiquiatra que Solimar Lélis, de São Paulo, marcou uma consulta com Lucyanna em busca de opções para amenizar os sintomas de hiperatividade e transtorno de déficit de atenção do filho Helinho, 12 anos. Ela diagnosticou alergia a leite e derivados, tirou também produtos com trigo e alimentos com glutamato, como o molho de soja shoyu, que ele amava. “Contém glutamato monossódico, que leva à excitabilidade, péssimo para quem é hiperativo”, explica Lucyanna. Seguindo a dieta há um ano, o garoto se delicia com achocolatados de soja e biscoitos à base de polvilho e arroz e não toma mais remédio. “Ele está menos agitado, dorme profundamente e já o vi lendo revistas concentrado, o que antes era impensável”, comemora Solimar.

Para descobrir os alimentos que podem estar na raiz das doenças, os nutricionistas fazem uma investigação detalhada. No primeiro encontro, Helinho e Solimar responderam a mais de 100 perguntas sobre hábitos, alimentos mais consumidos, sensações e comportamentos associados à comida. As informações foram processadas por um programa de computador desenhado para revelar os inimigos do metabolismo do paciente. Alguns também são submetidos a exames para identificar alérgenos e possíveis alterações genéticas.

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MUDANÇA Mariska deu adeus aos latícínios e produtos com trigo. Livrou-se da TPM

 

A partir dessas informações, cria-se um novo cardápio. A atriz Mariska Nichalik, 26 anos, deu uma virada radical na alimentação. Ela tinha sintomas intensos de TPM com duração de pelo menos 20 dias e sentia-se deprimida. Também lutava com o peso. Após uma consulta com a nutricionista Patrícia, cortou laticínios, refrigerante diet, pão, leite e glúten e incorporou alimentos como a couve-flor e o óleo de linhaça. “Não tive mais sintomas e perdi mais de cinco quilos”, conta. Outro ponto que preocupa os nutricionistas é o consumo exagerado de alimentos industrializados. “O risco é a grande ingestão de componentes químicos estranhos ao organismo, o que pode desencadear alergias e, conseqüentemente, outras doenças”, explica Lucyanna.