JOHN B. CARETT/BOSTON DINAMIC

MULA-SEM-CABEÇA O BigDog é um quadrúpede de ferro feito para carregar 150 quilos de armamento em meio a tiroteios e explosões

Os futuros soldados e equipamentos de guerra dos EUA não conhecerão limites nos palcos de batalha. Voarão com a astúcia de morcegos, lutarão incansavelmente e atirarão sem jamais errar o alvo – serão, enfim, os mais modernos guerrilheiros da Divisão de Pesquisas do Departamento de Defesa Americano (Darpa). Em outras palavras: é uma tropa de robôs, mortíferas máquinas de guerra equipadas com os mais desenvolvidos chips para articular e comandar manobras de ataque e de defesa do exército americano. Há desde morcegos espiões de 15 centímetros até uma mula-sem-cabeça que carrega mais de 150 quilos no lombo. Tudo isso foi minuciosamente construído em laboratórios. O avião morcego será composto por câmeras, microfones, detectores de radiação e gases, radares e sistema de navegação especial (nesse ponto justifica-se o seu nome) para vôos noturnos – ele é tão “esperto” no escuro como um morcego de verdade. Tal sistema será cerca de mil vezes menor que os usados atualmente nos aviões caça. Para recarregar as baterias de lítio, o “morcego” aproveitará a luz solar, a força de ventos e demais fontes de energia. “Um espião tem de ser ágil e pequeno para funcionar”, diz Anthony Tether, diretor da Darpa. Projetar e construir esse diminuto espião de 15 centímetros e reunir em seu meio quilo a mais avançada tecnologia teve um alto custo: US$ 10 milhões.

A empresa americana iRobot é uma das que mais lucram com a robotização das guerras. O seu mais recente contrato, assinado na semana passada, é de US$ 286 milhões para o fornecimento de três mil robôs para a Darpa nos próximos cinco anos – as primeiras 101 unidades já estão prontas. “Quanto mais robôs em campo, maiores serão as possibilidades de um ataque em massa”, diz o presidente da iRobot, Joe Dyer. Chamados PackBot 5, eles são equipados com uma grande pinça para desarmar bombas instaladas em estradas e uma câmera que permite a visualização de imagens a grandes distâncias, mesmo com baixa luminosidade. Outro “combatente” que impressiona é o Swarmbot, e não é para menos: trata-se, na verdade, de uma minitropa de guerrilheiros rastejantes (cada um do tamanho de um rato) capazes de entrar em esgotos e vigiar o subsolo inimigo para localizar eventuais cargas radioativas. Igualmente surpreendente é o novo robô que tirará, literalmente, um grande peso das costas dos soldados: é a “mula-sem-cabeça” BigDog, desenvolvida pela empresa BostonDynamics e que tem como função carregar 150 quilos em meio a tiroteios e explosões. No site de vídeos You-Tube já existe um filme com o teste do BigDog em ação, e é incrível: esse quadrúpede de ferro leva chutes e empurrões dos soldados, não cai nem deixa a carga cair. O BigDog é filhote de uma outra máquina, a Crusher, um veículo automático terrestre autônomo que pode carregar armas e escalar paredes com quatro mil quilos de carga.

 

Para os guerreiros de carne e osso, a guerra do futuro lhes reserva uniformes biônicos. Os soldados usarão uma tela móvel no capacete, ativada pela voz para o acesso de informações. Embutido em óculos transparentes, o display aparecerá para o soldado em 17 polegadas e serão exibidos mapas e vídeos em tempo real mostrando os movimentos da tropa inimiga a quilômetros de distância. No colete haverá um subsistema fisiológico para detectar ferimentos pelo corpo do soldado e alertar o companheiro mais próximo, que, assim, poderá resgatá-lo. Todos esses programas de pesquisa enfrentam, vez ou outra, algumas barreiras de custo – como a tecnologia não pára de se desenvolver, também os orçamentos vão crescendo. Os novos equipamentos estavam orçados inicialmente em US$ 100 bilhões. O avanço tecnológico elevou tal valor à casa dos US$ 300 bilhões. Esse é o projeto mais caro da história bélica dos EUA.