Quando estão em mãos erradas, telefones celulares podem ser tão poderosos quanto um fuzil AR-15 – com alcance ainda maior. A informação foi comprovada na última semana. Através de telefones celulares, o PCC articulou o maior ataque de guerrilha urbana já visto no País. Em 2001, também fazendo uso da telefonia móvel, o mesmo PCC promoveu rebeliões simultâneas nos principais presídios do Estado de São Paulo. Naquela ocasião, a exemplo do que assistimos hoje, autoridades políticas e policiais prometiam bloquear o uso da telefonia móvel em presídios. Nada foi feito. Na quarta-feira 17, quando o País ainda vivia o rescaldo da ação do PCC, os ministros das Comunicações, Hélio Costa, e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, editaram um decreto obrigando as operadoras de telefonia a colocar bloqueadores de celulares em todos os presídios do País. Assim, em vez de enfrentar o problema, o governo passa a responsabilidade de bloquear as comunicações ilegais para as operadoras. No mesmo dia, uma decisão judicial determinou o bloqueio dos sinais de telefonia celular em áreas de presídio de seis cidades de São Paulo. Ela terá duração de 20 dias, renováveis, e atinge Avaré, Iaras, Presidente Venceslau, Araraquara, São Vicente e Franco da Rocha.

No entanto, técnicos das agências e das operadoras não garantem que o bloqueio impedirá 100% das ligações. Os bloqueadores existentes, avaliam especialistas em telecomunicações e segurança privada, precisam ser trocados num prazo máximo de um ano para não serem engolidos pelo avanço tecnológico e pela ampliação de sinal da telefonia móvel. E mesmo assim esses dispositivos não conseguem deter a comunicação via onda de rádio. Para eles, a ação mais eficaz seria bloquear a corrupção dentro dos presídios. Além de organizar ataques e rebeliões, os celulares nas cadeias têm sido usados para comunicar falsos seqüestros e assim extorquir pais desesperados.


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