Toma lá, dá cá
Filho do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, o deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ) passou maus bocados esta última semana no Congresso. A todo instante era chamado a explicar o que esteve conversando com o presidente Fernando Henrique, no Palácio do Planalto. Irônico, o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), chegou a perguntar se Rodrigo era o “novo interlocutor do presidente”. A desconfiança é de que FHC tenha oferecido o apoio do PSDB do Rio ao PFL nas eleições para governador e proposto a renegociação da dívida do município em troca do apoio de Cesar Maia ao candidato tucano, José Serra. Rodrigo e o pai estariam mantendo o discurso oposicionista apenas porque querem ver a mercadoria entregue antes de mudarem formalmente de posição. De qualquer maneira, em conversas de plenário com outros pefelistas, Rodrigo já começou a defender a redução da noventena para que entre em vigor a cobrança da CPMF. Não deixa de ser um aceno para o governo. “O próprio Cesar Maia costuma afirmar que a política é um jogo de estratégia e de negociação. Ele deve estar na fase da negociação”, explicava em plenário o experiente deputado Delfim Netto (PPB-SP).

O bom e velho PMDB
Tem coisas que só acontecem no PMDB do Nordeste. A vice-prefeita de Fortaleza (CE), Isabel Lopes, resolveu se desligar do partido e não fez mistério sobre os motivos de sua decisão: não aguenta mais a corrupção instalada na prefeitura. Isabel acumulava o comando da Secretaria Municipal de Educação, cargo do qual renunciou. Deixa claro que é por causa do genro do prefeito, Sérgio Benevides, acusado de desviar cerca de R$ 1,5 milhão da merenda escolar. Aliás, a administração municipal da capital cearense conseguiu a proeza de importar merenda da Argentina.

Guskow denunciado
Os procuradores Francisco de Bonis e Eduardo Antônio Dantas entregaram, no final da tarde de quinta-feira 25, a denúncia penal contra o subprocurador Miguel Guskow. Pedem sua condenação por falsidade ideológica e por crimes de colarinho-branco. Como se sabe, Guskow foi acusado de participar de uma rede de vendas de títulos-fantasmas brasileiros e de irregularidades no caso da Microsoft e TBA. Ele será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça.

Abacaxi pré-eleitoral
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) está com um abacaxi no colo. Em julho vencem os mandatos do presidente, João Grandino, e de mais três conselheiros. Os novos membros terão de ser aprovados pelo Congresso, mas é impossível reunir parlamentares nesta época pré-eleitoral. Sem os quatro, não poderá haver votação no Cade. A primeira vítima de peso é a fusão das gigantes do laticínio Nestlé e Garoto.

Dilema eleitoral
O candidato do Partido dos Trabalhadores não é trabalhador. O candidato do governo é contra o governo. O candidato do partido comunista não é comunista. E o candidato do partido socialista é evangélico.

Rápidas

Carlos Miller, representante de José Serra na preparação do debate entre os presidenciáveis na CNI, no dia 9 de maio, se atrasou uma hora e meia para a reunião. Quando chegou, tudo já estava acertado.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), está trabalhando a todo vapor para que o PFL de São Paulo se afaste do tucano Geraldo Alckmin e apóie o candidato do PPB, Paulo Maluf.

E por falar em governismo no PFL, o deputado Roberto Pessoa (PFL-CE) insiste na aprovação do projeto que cria a figura do senador vitalício para FHC. Até o líder Inocêncio Oliveira estranhou.