Em 1969, ao interpretar George Hanson, o advogado bêbado de Sem destino – a epopéia pop dirigida por Dennis Hopper –, o ator Jack Nicholson conseguiu inverter a célebre frase de Andy Warhol, que prometia um futuro no qual todos fossem famosos por 15 minutos. Nicholson levou exatamente este tempo em cena para conquistar o público e a crítica. Foi indicado ao Oscar e, ao longo da carreira, repetiu o feito 12 vezes, três delas levando a estatueta. Aos 66 anos, a serem completados em abril, o ator pode receber seu quarto Oscar pelo desempenho como Warren Schmidt de As confissões de Schmidt (About Schmidt, Estados Unidos, 2002), cartaz nacional na sexta-feira 14. O personagem, um homem da idade de Nicholson, de uma hora para outra se vê atropelado pela vida. No emprego, é substituído por um funcionário mais novo, em seguida fica viúvo depois de uma união de 42 anos e, para completar, assiste a filha planejar o casamento com um homem que ele considera abjeto. Sua saída é responder a um anúncio e adotar uma criança da Tanzânia, enviando-lhe US$ 22 todos os meses. Ngudu Umbo torna-se, então, seu confidente.

Com estes dados na mão, o diretor Alexander Payne, em seu terceiro longa-metragem, retomou a história O covarde, escrita por ele na escola de cinema, misturou a fatos do best seller de Louis Begley, Sobre Schmidt (Companhia das Letras, 240 págs., R$ 34), e chegou ao enredo do filme que, apesar dos ingredientes amargos, garante boas risadas, principalmente por causa de Nicholson, agora mais mal-humorado do que nunca. Na fita, Schmidt viaja de Omaha, Nebraska, a Denver, Colorado, para o casamento da filha, embalado pelo som de Quatrième gnossiennes, de Erik Satie, até encontrar a futura sogra da filha, interpretada pela ótima Kathy Bates, que, ousadamente, faz uma cena de nudez – a atriz concorre ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. Ela, uma hippie velha, e ele, um rabugento de mal com a vida, protagonizam os melhores momentos do filme.


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