Agitada, traiçoeira e repleta de surpresas, começou, na última semana, a disputa presidencial de 2014. No jogo, há três peças que se destacam no tabuleiro: a presidenta Dilma, favorita natural, o senador mineiro Aécio Neves e o governador pernambucano Eduardo Campos. O futuro de cada um deles começa a ser jogado nas eleições municipais de outubro, cujas chapas foram registradas na última quinta-feira.
Se antes havia apenas dois polos de poder no Brasil, PT e PSDB, com as demais forças gravitando ao redor, um terceiro sol emergiu, com as apostas ousadas feitas pelo PSB, em várias capitais. Ao romper a aliança com os petistas no Recife, em Fortaleza e Belo Horizonte, o partido de Eduardo Campos iniciou seu processo de libertação, sinalizando para o País que uma terceira via talvez seja possível – e quem dá corda a esse movimento é o PSD, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

O palco da disputa principal, que antes seria São Paulo, agora é Belo Horizonte, a cidade que, na eleição passada, conheceu uma experiência singular de coabitação entre PT e PSDB numa mesma prefeitura, ocupada por Marcio Lacerda, do PSB. Desta vez, Lacerda escolheu um lado, o de Aécio, e a disputa se nacionalizou, restando apenas dois candidatos viáveis: Lacerda, no bloco PSDB-PSB, e Patrus Ananias, pelo PT e ampla coligação.

À primeira vista, Eduardo Campos teria então escolhido também um lado para 2014: o dos tucanos. Mas talvez, em Belo Horizonte, interesse mais a ele perder do que ganhar a eleição municipal. Afinal, se Aécio perder em Minas, as portas se abrem na disputa presidencial.

Curiosamente, parte do PSD de Kassab (e também de José Serra), que age como linha auxiliar do PSB, decidiu apoiar a candidatura do PT. Portanto, em Minas, não apenas Dilma, mas também os serristas estarão trabalhando contra Marcio Lacerda. E se o candidato de Aécio vier a ser derrotado em seu próprio quintal, o que até ontem parecia ser quase impossível, o PSDB paulista passará a defender uma terceira via para 2014. Não por acaso, o senador Aloysio Nunes Ferreira, serrista de carteirinha, começou a aplaudir os movimentos presidenciais de Eduardo Campos.