“Vamos bater! Isso não pode ser verdade. Mas o que está acontecendo?”. Essas foram as últimas palavras de Pierre-Cedric Bonin, copiloto do Airbus A330 da Air France que na noite de 31 de maio de 2009 voava do Rio de Janeiro a Paris e de uma altura de 38 mil pés despencou no Oceano Atlântico, matando as 228 pessoas a bordo. As frases vieram a público na semana passada durante a apresentação do Escritório de Investigações e Análises que há 3 anos tenta decifrar as causas do acidente. O documento recua nas acusações contra os pilotos, inicialmente os grandes vilões da tragédia, mas sem avançar na responsabilização da companhia Air France e da fabricante Airbus. Em sua conclusão, o documento mescla falhas técnicas (congelamento das válvulas pitot que tirou a aeronave do piloto automático) com erros humanos (manobra de empinar o bico do avião, levando-o à perda de sustentação). A pouca objetividade desagradou aos familiares das vítimas que esperavam ênfase maior nos problemas da aeronave.