Para divulgar o filme “Valente”a Disney Pixar contou com a ajuda do arquiteto Luis Pedro Scalise. A animação é tema de seu ambiente na 26ª Casa Cor, em São Paulo. Confira, em vídeo, a entrevista, imagens do quarto inspirado no longa e o trailer :

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CORTE ANIMADA
A rainha Elsinore, o rei Fergus, a princesa Merida (acima) e
os seus irmãos: enredo realista com pitadas de conto de fadas

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Uma reviravolta está acontecendo no estúdio que promoveu recentemente a maior revolução no mundo do cinema: a dos desenhos animados inteiramente criados por computação gráfica. Fala-se aqui da Pixar, a companhia que há 17 anos fascinou crianças e adultos com “Toy Story” e daí em diante só colecionou filmes de sucesso. A novidade agora se chama “Valente”, produção que estreia no Brasil na sexta-feira 20 depois de encabeçar as bilheterias americanas com faturamento superior a US$ 140 milhões. Passado nas chamadas Highlands escocesas do século X – ou seja, em plena Idade Média –, o filme é o primeiro da Pixar a ter enredo histórico. É também pioneiro em abrir mão dos bichinhos e objetos falantes, e em ter uma menina como protagonista. Outro ineditismo: é coassinado por uma cineasta, Brenda Chapman. Essa lista, de mudanças pode parecer sem relevância mas sinaliza uma guinada em um dos setores mais lucrativos da indústria cinematográfica, que acumula 22 títulos entre os 100 mais vistos de todos os tempos.

A garota protagonista chama-se Merida e não é uma menina qualquer. Ela é uma princesa rebelde que recusa o papel imposto pelos costumes escoceses da época. Dedica-se ao arco e flecha e não aos bordados, fala alto na mesa, xinga a mãe e esnoba os três mancebos que lhe são apresentados como pretendentes. Merida não dá trabalho apenas aos pais, o conta-vantagens Fergus, que perdeu a perna esquerda enfrentando um urso, e a prendada Elsinore, rainha preocupada com boas maneiras. Segundo os animadores da Pixar, traçar os contornos da menina e dar movimentos à sua cabeleira ondulada e ruiva os fizeram “arrancar os cabelos”. Entra aí outra ousadia da Pixar: só mesmo o estúdio, incorporado à Disney, para introduzir na galeria de princesas do velho Walt uma donzela de cabelos vermelhos. Mais uma quebra de paradigma: quem inferniza sua vida não é uma madrasta ou bruxa, mas a própria mãe. É fugindo de seu cuidado excessivo (o público infantojuvenil dirá perseguição) que a princesa valente encontra uma bruxa e pede a ela um servicinho: mudar o temperamento de sua genitora.

O que a bruxa faz não se deve contar agora. Seria maldade com o espectador. Esse clima de conto de fadas é apenas aparente. Na verdade – e aqui surge outro elemento inédito na grife Pixar –, “Valente” é uma aventura épica com todos os requisitos de realismo do gênero. Para alcançar a autenticidade comparável aos filmes de “live action”, os animadores fizeram uma imersão na Escócia e reproduziram na história não apenas o visual do país, com suas montanhas, vales e cachoeiras, mas especialmente os seus costumes e folclore. Uma dica para os adultos é assistir à cópia legendada, pois até o sotaque local foi preservado, com o correspondente movimento labial. Vendido pela Pixar como o seu projeto mais ambicioso, o longa consumiu US$ 185 milhões e tem pretensão de se equiparar aos clássicos de Walt Disney. Esse avanço na seara das animações mais “sérias” tem outros interesses em jogo. Após quase duas décadas de bichinhos delicados e esgotadas as franquias mais rentáveis, o movimento em direção aos enredos realistas aparece como uma forma de arejar esse tipo de produção. Quem deu o primeiro passo foi a Dream­Works, muito bem-sucedida com outra aventura histórica, “Como Treinar o Seu Dragão”. A predileção por histórias passadas na Idade Média não se dá por acaso: permite que os enredos tenham um pé no conto de fadas, com suas bruxas, fadas e bichos fantásticos, e que os estúdios criem cenários, figurinos e festas de encher os olhos como são os de “Valente”.

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Fotos: Disney/Pixar; Divulgação