A artrite reumatóide desafia
a ciência. Por razões misteriosas,
o sistema imunológico ataca as articulações, causando inflamações e deformidades capazes de imobilizar uma pessoa. Incurável, afeta 1,2 milhão de brasileiros. Mas as chances de controlá-la se ampliam. Há estudos para desvendar o mecanismo que desencadeia a agressão, em geral iniciado pela destruição das estruturas da mão. Os frutos de alguns desses trabalhos devem ser liberados por aqui neste ano e impedem a progressão da enfermidade. “Estamos interferindo nas bases da doença”, diz Rubem Lederman, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

Impedir que o sistema de defesa deflagre as reações inflamatórias responsáveis pela erosão da cartilagem e dos ossos é o objetivo. Como se pensava que os principais agressores eram as células T, criaram-se produtos focados nesses soldados da defesa. O problema é que um terço dos doentes não responde ao método. A saída foi investigar mais alvos. Descobriu-se que as células B, que também integram o “exército”, exercem papel importante no processo. Portanto, inibir sua ação é um modo eficaz de conter a doença. Já há uma droga com esse perfil. É o rituximabe, usado contra um câncer do sistema linfático e aprovado nos EUA para artrite reumatóide. Por aqui, aguarda liberação.

Outra estratégia é bloquear a comunicação entre as células T e B. A primeira droga a fazer isso é o abatacept, que deve ser aprovado aqui em breve. No Hospital Albert Einstein, em São Paulo, 20 pacientes o recebem por meio de pesquisa, com bons resultados. Lá, há mais um remédio em estudo, o MRA, que inibe um anticorpo integrante da engrenagem da doença. “Na impossibilidade de evitar seu aparecimento, há meios de detê-la com tratamentos novos e eficazes”, diz Morton Scheinberg, do Einstein.