Arraes para Garotinho: “Coma pela beirada!”
A maioria dos analistas políticos dá de barato que a verticalização das coligações favorece ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Mas o presidente do PSB, Miguel Arraes, está armando uma jogada que pode destruir Serra. Durante um café da manhã com Garotinho, na sexta-feira 19 em Brasília, Arraes exclamou: “Vamos comer pela beirada!” Quis dizer o seguinte: a estratégia é priorizar alianças nos Estados com o PMDB até junho, época das convenções. Quando os tucanos derem por si – se Garotinho ainda estiver na frente de Serra nas pesquisas – não tem outro jeito; o PMDB abandonará o noivado com Serra e casará mesmo com o ex-governador do Rio. PSB e PMDB já têm alianças no Espírito Santo, em Alagoas e em Santa Catarina. Podem fechar no Pará, no Mato Grosso e no Rio de Janeiro. “Precisamos levar o acerto para outros Estados. E temos tempo para isso, porque agora nem o PMDB tem pressa em fechar com Serra”, argumenta o líder do PSB na Câmara, Eduardo Campos (PE), que é neto de Arraes.

Quem ganha
Com perfil de centro e sem candidato próprio a presidente, o PMDB tornou-se alvo do desejo de todos os candidatos. Serra quer que o partido indique logo o vice. Garotinho tenta seduzir a legenda nos Estados. E Ciro avisou a Brizola que já, já vai atrás dos peemedebistas.

Quem perde
Como ninguém quer o PFL formalmente na chapa indicando o candidato a vice, a legenda ficará de fora das coligações nacionais. O líder Inocêncio Oliveira já anda falando em fazer do presidente do partido, senador Jorge Bornhausen, uma espécie de anticandidato a presidente.

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O uso indevido de carros oficiais é quase uma moda em Brasília, não importa a repartição. Às 11h30 de terça-feira 16, um Ômega preto com motorista uniformizado (foto) levava duas crianças vindas da aula de natação até sua casa, um prédio funcional onde moram ministros do Superior Tribunal de Justiça. O carro, placa STJ 009, estava a serviço do ministro Peçanha Martins.

Estranha coincidência
Com o atraso na votação da CPMF, o imposto do cheque deixará de ser cobrado entre julho e agosto. Exatamente na época em que os candidatos tentarão deslanchar suas arrecadações de fundos junto ao empresariado. Como se sabe, a CPMF é um importante instrumento para a Receita fiscalizar as contas bancárias, detectando transações de caixa 2. Daí a desconfiança de que esse atraso não seja mera coincidência. Uma espécie de acordo entre empresários, candidatos e partidos governistas e de oposição.

Proer engorda a dívida pública
A pedido da CPI do Proer, o Banco Central refez as contas do custo com o socorro aos bancos. O resultado foi estarrecedor: de cada R$ 10 emprestados aos bancos privados, os cofres públicos só vão reaver R$ 3. O prejuízo será de R$ 49,4 bilhões.

Rápidas

Piada contada pelo próprio deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), da Igreja Universal do Reino de Deus: “Estão dizendo que o melhor vice para o Serra seria eu. Para dar-lhe a extrema-unção”.

Mau exemplo do candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes. No vôo 230 que o levou do Rio para Brasília, na segunda-feira 15, Ciro utilizou insistentemente o telefone celular em pleno ar.

Para desespero do governador tucano Tasso Jereissati, seu inimigo, o senador Sérgio Machado (PMDB-CE) foi indicado relator-geral do Orçamento. Com o apoio do governo federal.

Fernando Henrique chamou o prefeito de Fortaleza, Juraci Magalhães (PMDB), ao Palácio. Tasso Jereissati e Sérgio Machado ainda não sabem qual dos dois está sendo traído.