Ex-delegado, ex-secretário de Planejamento do meteórico governo municipal do vice de Celso Pitta, Régis de Oliveira, e ex-assessor especial de dois ex-secretários de Segurança, Luiz Antônio Fleury e Mariz de Oliveira, são as credenciais de Fernando Fantauzzi para entrar na disputa pelo governo de São Paulo. Fantauzzi, 40 anos, foi assessor de Fernando Collor e é candidato pelo PST. Ele assegura que pode surpreender o eleitor com seu know-how na área que mais mexe atualmente com o cidadão: a segurança pública. Fantauzzi sobe no ringue disparando golpes. Chamou o governador Geraldo Alckmin de frouxo, devido aos altos índices de violência no Estado, e afirmou que o adversário de discurso parecido, Paulo Maluf (PPB), não tem credibilidade para “tirar São Paulo da UTI”. O hoje empresário, pai de três filhas, usou várias vezes termos como “mão pesada” para descrever como se deve combater a criminalidade. Ele ainda defendeu incursões do Exército nas operações policiais.

ISTOÉ – Como é ser candidato por um partido que terá pouco tempo de tevê?
Fernando Fantauzzi –
O PST não é pequeno. Tem seis deputados federais, está organizado em quase todos os estados e conta com um minuto e 30 segundos, duas vezes ao dia, durante o período eleitoral.
O PL tem em torno de um minuto e 40 segundos. O pessoal às
vezes generaliza…

ISTOÉ – Qual é a possibilidade de uma coligação?
Fantauzzi –
Nós temos conversado muito e o pessoal está muito simpático.

ISTOÉ – O sr. vai levar sua candidatura até o fim?
Fantauzzi –
Quem me conhece sabe que quando entro de cabeça vou até o fim.

ISTOÉ – Quais os temas que o sr. focará para chamar a atenção
do eleitorado?

Fantauzzi –
O nosso histórico de vida pública foi na área da segurança. Acho que estamos no momento certo e tendo uma aceitação muito boa. A pesquisa publicada no Jornal da Tarde mostra isso. (O pré-candidato passou de 0,2% para 0,4%, segundo dados do Instituto UP, publicados na terça-feira 16 no JT). Em São Paulo, por exemplo, morrem duas mil pessoas por mês, por morte violenta. Se multiplicar isso por 12 meses e pelos últimos sete anos, temos um número aproximado de 140 mil.

ISTOÉ – Como reduzir esses números?
Fantauzzi – Nossa proposta vem nessa linha: no combate muito forte contra a criminalidade.

ISTOÉ – O que o sr. agrega a esse combate além da força policial?
Fantauzzi –
Você conhece aquela história que de técnico de futebol e louco todo mundo tem um pouco? Isso também se coloca na área de segurança. Há oito meses todo mundo dá palpites sobre segurança. O (José) Genoíno (candidato do PT), por exemplo, não entende nada do tema. Falou em botar a Rota na rua e isso gerou um desgaste para ele. Há uma diferença entre falar e entender de segurança. Nós temos uma experiência comprovada no combate às máfias em São Paulo. Fizemos o caso Abílio Diniz. Eu era assessor especial do secretário e comandei a operação pelo gabinete. Na nossa época, não dávamos a menor chance para bandido colocar a cara para fora. A certeza da impunidade não imperava em São Paulo.

ISTOÉ – Qual é a saída?
Fantauzzi –
Tem que se investir na educação, saúde, habitação, mas não é só isso que aumenta o crime. Em São Paulo se cometeu um erro na política de segurança. Há sete anos, estabeleceu-se uma linha equivocada. O primeiro secretário de Segurança que se colocou em São Paulo tinha 70 anos (José Afonso da Silva), um professor de direito constitucional. Sem nenhum demérito a ele, gente fina, tudo certinho, mas o que é que um homem desses, com 70 anos, vai fazer em uma secretaria de Segurança de 30 milhões de habitantes? Depois, temos um governador que caiu do céu. Era vice e não foi preparado. Ele é um sujeito frouxo. É boa gente no sentido pessoal, é um bom pai, deve ter sido um bom anestesista, mas não pode ser governador de São Paulo. Vivemos uma guerra civil. Você pode até ter simpatia por uma pessoa desde que isso não custe a vida de seu filho ou o sequestro de um ente querido. São Paulo está na UTI e precisa de um tratamento de choque.

ISTOÉ – Também na estrutura policial?
Fantauzzi –
Sem dúvida. Não se pode continuar com a política atual de desmotivação, de falta de credibilidade e de dignidade para o policial, que é quem está atrás do revólver. Nos EUA, o policial pensa 200 vezes antes de cair na corrupção. Isso porque ele ganha bem, tem pensão e carro
à disposição até fora de serviço. É preciso uma ruptura forte com
a atual política.

ISTOÉ – O que falta para fazer isso?
Fantauzzi –
Não se pode estar de mãos amarradas. O próximo governador tem que entender da área e ter uma total independência a essas políticas falsas de direitos humanos. Nos EUA, que são a maior democracia do mundo, se uma pessoa puxar uma arma para um policial, ele tem o direito de matar essa pessoa. Está dentro da lei. Em São Paulo, quando se criou o famigerado Proar foi a maior violência.

ISTOÉ – Por quê?
Fantauzzi –
Como você cria um programa que qualquer policial que enfrentar um criminoso e feri-lo, não precisa nem matar, é afastado por seis meses para tratamento psicológico? Além do constrangimento pessoal de fazer um tratamento psicológico, ele ainda perde o tradicional bico. Ora, qual o policial em sã consciência que vai enfrentar o criminoso?

ISTOÉ – O sr. é favorável à Rota na Rua, como prega Paulo Maluf?
Fantauzzi –
Maluf é um homem de uma frase só: “Rota na rua, bandido na cadeia.” Mas qual é a experiência de segurança que ele tem? O próximo governador tem que ter dois componentes para corrigir o rumo desse trem: entender da área, que é o nosso caso, e, para tomar medidas pesadas, ter credibilidade. O doutor Paulo infelizmente está respondendo a dezenas de processos, tem fama de Ali Babá. Pelo nosso passado limpo, achamos que estamos mais bem habilitados para essa missão. A Rota é uma das frentes, mas não essa que está aí. Quero uma Rota preparada, uma polícia de elite, firme, de mão pesada.