Nos últimos anos, a medicina começou a dar maior atenção a alguns problemas antes pouco estudados. A dor é um deles. Ela sempre existiu – nas costas, nos músculos, na cabeça, etc., – mas nunca foi tão levada em consideração como agora. Hoje, a sensação é respeitada como algo que realmente pode afastar as pessoas do trabalho ou diminuir a qualidade de vida. É por isso que a luta contra esse sofrimento não pára de ganhar aliados. A partir do fim do mês, a dor passará a enfrentar mais dois inimigos fortíssimos. Chegarão ao mercado os medicamentos Dynastat e Bextra. Eles
fazem parte de uma nova classe de antiinflamatórios potentes que,
ao contrário das drogas mais antigas, não atacam o estômago. Isso porque eles impedem a ação da enzima COX2, que agrava a
inflamação, mas não interferem no funcionamento de outra enzima, a COX1, que tem a função de proteger o estômago. Integram também
esse grupo o Celebra e o Vioxx.

O Dynastat, no entanto, possui ainda outra vantagem em relação aos demais. Ele é o primeiro medicamento da classe em versão injetável. Ou seja, além de potente, age rápido. “As dores mais intensas e aquelas típicas do pós-operatório contarão com uma medicação segura e de efeito imediato”, garante Ricardo Germano, diretor médico do Pharmacia, laboratório que produz as novas drogas. A principal utilização do novo remédio será nos hospitais, onde dores agudas precisam ser combatidas muitas vezes sem que o paciente possa ingerir uma pílula. Até agora, o alívio era feito com analgésicos comuns, ministrados em conjunto com opiáceos como a morfina. Porém, essa associação apresenta muitos efeitos colaterais, entre eles gastrite, vômito e constipação intestinal. Além disso, o paciente pode ficar resistente à combinação, tornando necessário o aumento da dosagem para o tratamento surtir efeito.

Para o chefe do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo, Manoel Jacobsen, o Dynastat será uma boa opção nos casos em que o paciente tem dificuldade no funcionamento do intestino ou estômago, alteração de consciência e em emergências. “O mercado espera medicamentos como esse, cada vez mais seguros e de ação específica”, diz. O diretor do Departamento de Anestesiologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Irimar Posso, também comemora a chegada do remédio. “Diminuiremos sensivelmente a necessidade dos
opiáceos e aumentaremos o conforto
do paciente”, garante.

O Bextra é a versão em comprimido do Dynastat. “Eles podem ser usados contra dor aguda ou crônica. Ou seja, são eficientes tanto contra uma virose, pancada e dor nas costas como para dores do câncer, por exemplo”, explica o médico Posso. Os 85% da população que sentem algum tipo de dor, segundo uma pesquisa realizada pelos especialistas do Hospital das Clínicas de São Paulo, agradecem.