Não há nada que combine menos com pipoca e refrigerante do que filme que precisa de esforço para ser entendido. Portanto, que ninguém se engane com o título A guerra de Hart (Hart’s war, Estados Unidos, 2002), cartaz nacional a partir da sexta-feira 19, nem mesmo ao saber que Bruce Willis encabeça o elenco. Afinal, o quarentão duro de matar nem sequer é o Hart em questão. Nesta trama, ele é o coronel William McNamara, um calejado herói dos campos de batalha preso pelos nazistas. Situada nos últimos dias da Segunda Grande Guerra, a história se passa no hipotético campo de concentração alemão Stalag VI – um amálgama dos 130 locais mantidos durante o conflito –, comandado pelo coronel nazista Werner Visser (Marcel Iures). Nas cenas iniciais, o tenente-herói Thomas W. Hart (Colin Farrell) surge espremido num trem que se aproxima do campo carregado de prisioneiros quando é atacado pela aviação aliada. Já confinado, ao ser inquirido pelo coronel McNamara, fica-se sabendo que ele teria revelado segredos aos alemães sob tortura.

Mas este não é o drama principal. Com a chegada de dois oficiais negros da aviação americana, o racismo impera na prisão. O clima tenso culmina com um assassinato. Surpreendentemente, os militares nazistas concordam que os americanos realizem uma corte marcial à qual os anfitriões assistem deliciados. A guerra de Hart, um advogado em começo de carreira, é defender o acusado pelo crime que tem tudo a ver com o sentimento racista vigente. Mas o roteiro confuso não deixa o espectador entender a trama principal, que é os americanos fazerem os alemães de bobos. No fundo, o filme é uma versão sombria do seriado televisivo cômico Guerra, sombra e água fresca, que passa a mesma mensagem sem grandes esforços.