No campo político, a união econômica das Américas ainda é só um espectro, apesar de os prazos para a concretização do projeto estarem ficando muito próximos. Afinal, não é sempre que 39 países – incluindo a maior potência do planeta – se sentam à mesma mesa para unificar suas economias. Já na seara econômica, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) é a terra dos riscos e das oportunidades. Pragmática, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mergulhou em números para fazer um prognóstico dos efeitos da criação do bloco econômico. O resultado, parcial, está no estudo Projeto Benchmarking, divulgado na semana passada.

Primeira constatação: “A Alca será mortal para quem não estiver preparado”, diz o presidente da entidade, Horacio Lafer Piva. Segunda constatação: o Brasil, como um todo, não está preparado. O emaranhado de números da Fiesp revela, por exemplo, que o País tem a menor média de escolaridade, a maior taxa de juros e o segundo pior índice de infra-estrutura entre os seis países que representam 93% do bloco (Brasil, Argentina, Canadá, Chile, México e EUA). “Nós saímos perdendo já na hora de colocar a bola no chão”, lamenta Piva.

Choro à parte, o estudo criou uma poderosa ferramenta de simulação (com dados reais) do ambiente futuro do bloco econômico. A primeira estimativa realizada, levando-se em conta a anulação das tarifas entre os países, mostra uma perda no saldo comercial brasileiro de US$ 1 bilhão (as exportações crescem, sem dúvida, mas as importações disparam). Ainda mais útil é a possibilidade de diagnóstico das áreas onde devem ser priorizadas as negociações de quebras de barreiras não-tarifárias. Um bom ponto de partida para o início das conversas.