Mal saiu do governo do Rio de Janeiro para mergulhar na campanha à Presidência da República pelo PSB, e Anthony Garotinho já virou alvo de denúncias sobre desmandos. O primeiro golpe foi desferido no sábado 6, um dia depois da desincompatibilização: dos R$ 783 milhões recebidos pelos royalties do petróleo extraído em solo fluminense, só R$ 351 milhões tiveram a aplicação justificada ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). O petardo mais forte foi disparado na quarta-feira 10, quando o jornal O Globo revelou que Garotinho, em seu último dia no Palácio Guanabara, publicou edição extra do Diário Oficial com uma resolução concedendo a si próprio pensão vitalícia de R$ 9.600. O procedimento é previsto em lei, mas o candidato foi o único que deu a si mesmo o benefício e também o mais jovem ex-governador a solicitá-lo. Tem apenas 41 anos e ficou pouco mais de três anos no cargo. Diante
da repercussão, Garotinho abriu mão da pensão para “evitar
explorações políticas”.

O ex-governador acusou os opositores de tentarem desestabilizar sua candidatura e queixou-se especialmente do PT da atual governadora Benedita da Silva por divulgar que ele teria deixado um rombo financeiro. Em represália, ameaçou não apoiar o candidato petista Luiz Inácio Lula
da Silva. “Pelo comportamento que o PT vem tendo, quero distância. Estou pensando se vou votar no Lula para o segundo turno, por causa
da postura cretina e calhorda deles”, esbravejou, num ato falho em
que admitiu ficar fora da disputa. A consequência mais imediata do episódio foi a reação da Assembléia Legislativa do Estado, que começa
a se mobilizar para derrubar a pensão vitalícia hoje concedida a seis
ex-governadores. Além do Rio, São Paulo e outros 15 Estados
concedem o privilégio.