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A presidente Dilma Rousseff abre oficialmente a Rio+20 nesta quarta-feira reforçando que os representantes das nações estão reunidos para dar "passos audaciosos, mostrar coragem e assumir responsabilidades". Ela lembrou dos compromissos estabelecidos em 1992 em torno do desenvolvimento sustentável, que colocou a erradicação da pobreza como "requisito indispensável" da ação política ligada à agenda ambiental, com a premissa de que a geração presente não se construiria em detrimento da geração futura.

"O desafio da sustentabilidade se apresenta em razão de uma perspectiva futura, mas as tarefas são do presente. Tempo é o recurso de maior escassez", discursou a presidente.Dilma também cobrou a necessidade de redução dos padrões mundiais de consumo e criticou os países desenvolvidos pela transferência das indústrias poluentes do Norte para o Sul, o que "colocou as economias desenvolvidas no rumo de uma produção mais limpa, mas deixou uma pesada carga para os países em desenvolvimento".

Segundo a presidente, os compromissos de redução do Protocolo de Kyoto não foram atingidos e o compromisso da Eco-92, primeira conferência sobre sustentabilidade, há 20 anos, "tem sido recusado na prática". "Sem ele (compromisso) não é possível a construção de um mundo mais justo e inclusivo", afirmou. "O Brasil reconhece que há várias conquistas de 1992 que ainda permanecem no papel e nós, chefes de Estado, temos de mudar."

Ahmadinejad 

Em pronunciamento oficial na Rio+20, o presidente do Irã, Mahmoud, criticou os países desenvolvidos, que segundo ele, estão impondo à força seus padrões sociais e morais às nações pobres e em processo de desenvolvimento. "Um grupo minoritário de países, os desenvolvidos, estão impondo padrões de desenvolvimento. Os demais países são obrigados a seguir seus passos", discursou Ahmadinejad, para quem as questões relacionadas aos direitos humanos, origem de críticas internacionais ao Irã, "foram concebidas por aqueles que dominam o mundo".

O presidente iraniano falou ainda que considera necessária uma remodelação da ordem mundial, de modo que as sociedades possam "servir tanto às necessidades materiais quanto espirituais do ser humano". No discurso na sessão plenária da conferência, Ahmadinejad enalteceu a família, "que precisa ser fortalecida", e conclamou os demais países a agir de acordo com preceitos religiosos que privilegiem a moralidade. Só assim, de acordo com ele, o planeta será "melhor e mais igualitário".

"Os seres humanos não são rivais, mas companheiros que se completam. A felicidade de um não pode ser às custas do outro", sentenciou ele, que citou as guerras de Israel contra os países árabes e as guerras da Coreia e do Vietnã como episódios que não devem ser repetidos no futuro. Israel e Estados Unidos, que promoveram as guerras da Coreia e do Vietnã, são considerados inimigos do Irã pelo presidente.

Ahmadinejad se colocou à disposição dos demais países para compartilhar "o conhecimento e a experiência do Irã", pois "assim construiremos um futuro melhor", que permitirá mais "bem-estar e felicidade ao ser humano".

Ele também criticou os países que praticaram a escravidão e o imperialismo ao longo dos séculos e que hoje acusam as nações menos desenvolvidas pela adoção de políticas que não seguem as estratégias previamente traçadas por eles. "Os que traçam e seguem estas regras são considerados mais espertos e obtêm mais sucesso", lamentou ele, que pregou "o desenvolvimento espiritual e moral" e adoração a "um Deus", que "está cima de todos". "O dia está chegando", profetizou.

O presidente atacou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que atuam em processo, liderados pelas nações ricas, de "dominação estratégica". "Isso leva cada vez mais ao aumento da pobreza no mundo. Queremos mudar o padrão de comportamento dessas entidades", discursou.