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Primeiros chefes de Estado a fazer pronunciamentos na plenária da Rio+20, nesta quarta-feira, os presidentes de nações subdesenvolvidas criticaram a falta de ambição no texto final da conferência e a falta de empenho das nações ricas em promover o desenvolvimento sustentável. "Não deixem que essa conferência entre para a história como mais uma que prometeu muito e pouco fez. Vamos nos engajar e garantir ações urgentes", disse Robert Mugabe, presidente do Zimbábue.

"Nós observamos que houve enfraquecimento da abordagem multilateral. Uma das razões para isso é a falta de vontade das nações desenvolvidas em criar meios de implementação, em financiar um novo modelo econômico", disse ao criticar temas como economia verde, que não ganharam uma definição única no texto final após pressões das grandes economias. O documento final, com as propostas para as próximas décadas, foi apresentado ontem pelo Brasil.

O presidente das Maldivas, Mohammed Waheed, também criticou a falta de comprometimento no documento. Segundo ele, quem mais sofre com isso são as nações mais pobres. "Nas Maldivas temos 194 ilhas habitadas, sendo que 113 delas sofrem com a erosão. Nossa população alerta para isso, alerta também para a redução dos peixes, e o que fazemos? Queremos resultados concretos, as crianças do meu País esperam por isso", afirmou.

Já o líder do Sri Lanka cobrou que os nações ricas não se omitam de seu compromisso em reduzir a emissão dos gases do efeito estufa. "Vocês não devem deixar a responsabilidade para salvar o planeta apenas para os subdesenvolvidos", criticou Mahinda Rajapakse.

A abertura das discussões entre os chefes de Estado e de governo foi aberta por volta das 10h40 desta quarta-feira pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e pela presidente brasileira, Dilma Rousseff. Até sexta-feira, os líderes mundiais vão discutir o desenvolvimento sustentável e decidir se aprovam o documento intitulado "O Futuro que Queremos", com recomendações para unir o crescimento econômico com a proteção ambiental e inclusão social.

Sobre a Rio+20 

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento se prepara para ingressar na etapa definitiva. De hoje até sexta, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Rio+20 com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.