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Os negociadores chegaram a um acordo sobre a declaração final que será submetida aos líderes mundiais reunidos a partir de quarta-feira (20) no Rio de Janeiro na Cúpula da ONU Sobre Desenvolvimento Sustentável (a Rio+20), disse nesta terça o chefe de comunicação do evento, Nikhil Chandavarkar. As delegações concordaram com o texto apresentado pelo Brasil sem mudanças, afirmou o porta-voz. Países que se opunham a trechos do texto, apesar de terem aprovado a redação, manifestaram descontentamento. Várias ONGs ambientalistas consideraram o acordo um fracasso.

Nações africanas e da União Europeia expressaram desacordo na questão referente ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O texto cita um "upgrade" (promoção), sem discutir a transformação à condição de agência da ONU. Os Estados Unidos, assim como outros países, também se disseram descontentes com alguns pontos do documento, mas não citaram quais, segundo Chandavarkar. "Claro (que) acertar um consenso tem infelicidades em alguns pontos, mas ninguém questiona o consenso (ao texto)", disse ele a jornalistas.

O texto ainda pode ser modificado durante a reunião de alto nível da conferência, que tem início na quarta-feira. As negociações para o texto avançaram a madrugada. O Brasil pressionava para a aprovação do documento na noite de segunda-feira, mas enfrentava resistência, especialmente de países da União Europeia, que pediam que as conversas fossem estendidas.

Após meses de discussões lideradas pela ONU que não alcançaram consenso, o Brasil, país anfitrião, assumiu no sábado as rédeas da negociação e apresentou nesta terça-feira um projeto de declaração final em uma reunião plenária.

A delegação europeia havia criticado o texto por ser pouco ambicioso e por representar "um retrocesso do multilateralismo". A União Europeia propôs uma versão alternativa de vários parágrafos. Ainda não foram divulgadas as eventuais modificações realizadas no texto pelos brasileiros.

Várias ONGs ambientalistas também consideraram o texto apresentado nesta terça-feira às delegações um fracasso. Cerca de 100 chefes de Estado e de governo começavam a chegar nesta terça-feira ao Rio de Janeiro para a cúpula Rio+20, a maior conferência já realizada na história da ONU, com cerca de 50 mil participantes.

Sobre a Rio+20 

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento se prepara para ingressar na etapa definitiva. De quarta até sexta, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Rio+20 com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.