otremdaintegracao1_42.jpg

De olho no futuro Projetos europeus prevêem que os 403 quilômetros que separam as duas cidades poderiam ser feitos entre 85 minutos e duas horas, a cerca de 300 km/h

 

Os governadores de São Paulo, José Serra, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, marcaram para quinta-feira 30, às 10h, um encontro no Palácio dos Bandeirantes. Lá, eles assinarão um termo de compromisso para os estudos de viabilidade do trem-bala que irá interligar as duas maiores metrópoles do País. Segundo o secretário estadual de Transportes do Rio, Júlio Lopes, se tudo correr bem, a licitação para escolher a empresa ou o consórcio responsável pela execução do projeto deverá sair até janeiro do próximo ano.

Empresas de diversos países manifestaram interesse no assunto, com propostas variadas para a construção do trem, cuja velocidade deverá atingir cerca de 300 quilômetros por hora. O modelo proposto pelos alemães prevê uma linha com quatro paradas entre as duas cidades, o que faria o percurso durar pouco mais de duas horas. Já os italianos propõem apenas uma linha direta, sem paradas, com tempo estimado em 85 minutos para percorrer 403 quilômetros. Empresas da Coréia do Sul, segundo o secretário, também “estão interessadas em conhecer detalhes do projeto”. Ele afirmou, em reunião recente com o governador Sérgio Cabral, que o presidente da União Européia, José Manuel Durão Barroso, havia manifestado o interesse que o Banco da UE tem em estudar o financiamento do projeto.

Por determinação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a elaboração do modelo de financiamento será coordenado pelo BNDES. O banco faz parte do grupo de trabalho que estuda a viabilidade técnica e econômica dos projetos já existentes. A participação de bancos europeus é dada como certa, já que, muito provavelmente, os países do continente fornecerão as locomotivas. O secretário de Transportes do Rio descarta a hipótese de o Brasil desenvolver tecnologia própria para a fabricação das composições. “Hoje não temos mercado para isso, o Brasil não produz locomotivas”, afirma Lopes.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

A Valec Engenharia e Construção, estatal ligada ao Ministério dos Transportes, já havia recebido três estudos técnicos, sendo dois alemães e um italiano. Em abril passado, no entanto, o Tribunal de Contas da União analisou e aprovou o estudo apresentado pela italiana Itauplan, que não prevê a aplicação de recursos públicos. Nele, a empresa apresenta as estações da Luz, em São Paulo, e a Central do Brasil, no Rio de Janeiro, como pontos-base da linha ferroviária. A proposta não é bem aceita pelos dois governos estaduais. Segundo Julio Lopes, a Central do Brasil estará sobrecarregada nos próximos anos, pois já opera 138 composições e deverá operar outras 100 com os investimentos previstos pelo governo e pelas concessionárias de trens urbanos e metrô. Além disso, durante as obras, seria necessário interromper o funcionamento da estação de metrô da Central do Brasil, a mais movimentada, “o que acarretaria enormes problemas para a população”. Obstáculos semelhantes seriam enfren- tados na estação da Luz, em São Paulo.

Na reunião entre Cabral e Serra, deverá ser criado um grupo multidisciplinar, coordenado pelos diretores de engenharia das companhias de trem e de metrô dos dois Estados. A elaboração do projeto, segundo Lopes, deverá durar dois anos, consumindo cerca de R$ 400 milhões, com mais sete a dez anos para a execução das obras. Lopes afirma que o governo do Rio acredita na viabilidade do projeto, até por uma necessidade inadiável. “Com um crescimento econômico de 3% a 5% nos próximos anos, imagine como estará o fluxo entre as duas cidades nas próximas décadas.” As alternativas de ligação entre Rio e São Paulo, segundo Lopes, são muito problemáticas. Uma delas seria a construção de um novo aeroporto em São Paulo, com gastos aproximados de R$ 5 bilhões, além de muitos transtornos para o trânsito da cidade. “A maior vantagem do trem é que o passageiro sairá do centro de uma cidade e chegará ao centro da outra. Qualquer outra alternativa prevê chegada e partida nas áreas limítrofes, exigindo obras complicadíssimas de engenharia de trânsito.”


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias