As negociações começaram há um ano e meio, secretamente, como em todos os grandes negócios. Na terça-feira 5, Roberto Setúbal, presidente do Itaú, segundo maior banco privado brasileiro, pôde enfim comemorar. Por R$ 3,3 bilhões, ele comprou 95,75% do capital total do BBA-Creditanstalt Times, numa transação que inclui a cota de 47,79% controlada pelo banco alemão HVB. O negócio fez deslanchar a reestruturação societária dos negócios financeiros do grupo e criou um novo banco – o Itaú-BBA, nascido em berço de ouro, com R$ 31,4 bilhões em carteira, a maior do País, voltado exclusivamente para o setor de “corporate”, ou grandes clientes. Segundo o Financial Times, a venda foi concluída após o anúncio de um forte prejuízo pelo HVB, o segundo maior banco alemão, que está tentando vender todos os seus negócios na Argentina.

O Itaú também criou uma holding, a Itaú Holding Financeira, que irá controlar o capital dos dois bancos. Na mesma terça-feira, o banco anunciou um lucro líquido de R$ 639 milhões neste terceiro trimestre, o que representa uma queda de 8,6% em comparação com o mesmo período do último ano. A razão da queda seria a elevação das reservas necessárias para cobrir empréstimos que não foram saldados.

Segundo Roberto Setúbal, presidente do Itaú, a negociação para a compra de 94,58% das ações do Sudameris junto ao banco italiano Intesa, que já dura quase um ano, não será afetada com a aquisição do BBA. Continua rolando e o contrato deverá ser assinado até o final do ano. Dos cerca de R$ 3,3 bilhões que o Itaú pagará pelo banco BBA, apenas a sexta parte, cerca de R$ 547 milhões, será paga em dinheiro. O restante será financiado com R$ 550 milhões em títulos a serem
emitidos, ações da subsidiária do Itaú em Caymann e novas ações preferenciais. O Itaú ainda irá contribuir com 95% de um aporte de
R$ 1,2 bilhão para a criação do Itaú BBA, um empreendimento que contará com autonomia operacional e reunirá atuação e investimentos
de ambas as instituições. Fernão Bracher será o presidente do novo banco e Roberto Setúbal, presidente do conselho. Segundo o jornal Financial Times, um grupo de diretores do BBA irá deter 50% das
ações com direito a voto do novo banco.

Com a aquisição do BBA, os ativos totais do Itaú serão elevados de
R$ 99,014 bilhões para R$ 119,805 bilhões, o que representa um aumento de 21%. Estes ativos serão controlados pelo Itaú Holding. A área corporativa do banco terá uma expansão de 31,3%, de R$ 23,921
bilhões para R$ 31,407 bilhões. Todos os clientes “corporate” do Itaú serão transferidos para o novo banco. Os funcionários ainda não sabem
o que vai acontecer, mas Roberto Setúbal já disse que a operação “corporate” do Itaú é muito enxuta. O negócio deve ser efetivado
até o fim do próximo semestre.