A difícil decisão de determinar a necessária correção dos rumos da economia brasileira, com certeza, não sai da cabeça do presidente da República.
E a decisão é difícil porque, ao final das contas feitas, os números do
crescimento do País têm sido um dos sustentáculos de seu governo, e mexer em time que está ganhando não é coisa fácil. Mas ele, provavelmente, também sabe que, como em um jogo de xadrez, o panorama de ação tem que ser desenhado com a antecipação de várias jogadas. Se a rigidez da política monetária vinha sendo atacada pela oposição e pelo chamado fogo amigo dentro do próprio PT – o partido do presidente –, agora ela também começa a ser questionada por quem antes a aplaudia. A revista The Economist, em recente artigo, questionou a teimosia em se manter 5,1% como a meta de inflação para 2005. Ela argumenta com a previsão de alta para os preços globais, do petróleo ao aço, e também com a previsão de aumentos domésticos nas tarifas públicas.

A The Economist, depois de analisar a ata do Copom que ameaça com novos aumentos de juros, diz que os próximos movimentos do Banco Central podem ser cruciais para seu futuro.

A mais recente luz de alerta a se acender na cabeça do presidente veio do pessoal do FMI. Estudo divulgado na terça-feira 8 mostra que os spreads praticados pelos bancos brasileiros são altíssimos e que isto acontece, segundo o documento, por faltar competição ao setor. Um prato cheio para os que acusam a política monetária brasileira de ser feita por e para banqueiros. Com efeito, os spreads tupiniquins – a diferença entre o que os bancos pagam a seus aplicadores e o que eles cobram de seus devedores – estão entre os mais altos do mundo. Segundo os economistas do FMI, o spread brasileiro supera em 24% a média da América Latina, em 68% a americana e é o dobro da européia. Paulo Skaf, o presidente da Fiesp, disse o seguinte a respeito da rentabilidade de 30% sobre o patrimônio declarada nos balanços dos bancos: “Isso significa dobrar o patrimônio líquido em dois anos e meio. Tem alguma coisa errada nisso. E não sou eu quem diz. É o FMI.” Como diria Giovanni, o ex-banqueiro – no caso, do jogo do bicho – vivido pelo nosso personagem de capa, isso para os bancos é realmente “felomenal”. Já para o País…