Confira, em vídeo, os filmes em que  Johnny Depp  e  Tim Burton trabalharam juntos:

DeppBurton_255.jpg


chamada.jpg
EXCÊNTRICOS
Os Collins, liderados por Barnabás (Johnny Depp, ao centro):
vampiros, lobisomens, bruxas e médiuns

Se a Família Addams tivesse parentes próximos, eles certamente seriam os Collins, retratados no filme “Sombras da Noite”, que estreia na sexta-feira 22. Como os Addams, eles são um clã de cosmportamento excêntrico, habitante de um castelo decadente nos confins do Estado do Maine, nos EUA, e cujos integrantes exibem, cada um a sua maneira, certo grau de bizarrice. O garotinho com cara de assassino, por exemplo, tem o dom de ver fantasmas; a adolescente roqueira e sexualmente precoce se mostra mais perversa do que se espera; e o chefe da casa dorme dependurado pelos cantos, de ponta-cabeça, sem esconder de ninguém a sua condição de vampiro. Baseada na série homônima, muito popular entre os americanos nos anos 1960, essa história – que já era esquisita em sua origem – ganha muitos tons de estranheza ao ser filmada por Tim Burton. Aos 53 anos, o autor de “Edward, Mãos de Tesoura” tornou-se um mestre no gênero de filme de terror feito não para assustar, mas para provocar o riso inteligente, a meio caminho entre a ironia e o sarcasmo.

Morando atualmente na Inglaterra (sua mulher, a atriz Helena Bonham Carter é de lá), Burton decidiu se afastar dos efeitos digitais usados à exaustão em “Alice no País das Maravilhas” e filmar o cotidiano dos Collins em estúdio, no caso o Pinewood, nos arredores de Londres. Além do castelo da família, todo o píer da cidade de Collinsport foi construído em cenários. Essa opção faz sentido, já que, num enredo que pede uma atuação mais cuidadosa, não seria aconselhável colocar os atores à frente de um fundo verde e com movimentos milimetricamente calculados pelo pessoal de efeitos gráficos. Em sua oitava parceria com o diretor, Johnny ­Depp interpreta o vampiro Barnabás. Na juventude, nos idos anos 1700, ele teve um romance com uma jovem da criadagem, Angelique (Eva Green), e a abandonou por outra. Não sabia que a moça era bruxa. E o pior: vingativa. Vítima da maldição da mulher traída, ele é enterrado vivo e só consegue se libertar nos anos 1970, em plena efervescência do movimento hippie. É o mote para o festival de piadas relativas ao mundo pop que se verá a seguir.

Tudo é estranho para esse homem romântico e afetado, cujo visual lembra o Michael Jackson dos últimos anos: do asfalto das estradas e dos carros em alta velocidade à movimentação frenética de uma lanchonete McDonald’s. Ao ver o “M” no luminoso que decora a loja, ele saúda o seu suposto protetor: “Mefistófeles”. Já acomodado em sua casa e tendo trazido novamente a prosperidade à família, Barnabás dá uma festa e deixa o som a cargo do roqueiro “satânico” Alice Cooper. “Essa é a mulher mais feia que já vi em toda a minha vida”, comenta. Engana-se, contudo, quem imagina que o filme se reduz a uma sucessão de frases espirituosas. Na verdade, a briga de séculos travada entre o vampiro Barnabás e a bruxa Angelique mostra que as relações que aprisionam costumam transformar as pessoas em monstros. Mesmo aqueles muito engraçados como os que formam esse par infeliz.  

img.jpg