Era quase uma hora da manhã (21h de Brasília) da quarta-feira 27 quando Jacqueline Fraysse, a prefeita de Nanterre, cidade próxima a Paris, deu por encerrada a tranquila sessão na Câmara dos Vereadores que discutiu o orçamento da casa. Os parlamentares começavam a colocar seus casacos para sair do moderno prédio quando um homem se levantou e, rapidamente, em meio às 40 pessoas que estavam no plenário, abriu fogo. Correria, gritaria, desespero. O assassino, com um olhar frio e calculista, foi derrubando um a um. “Ele atirou de 40 a 50 projéteis. Foi uma loucura total! Alguns ainda tiveram o reflexo de se jogar debaixo das mesas, mas ele atirava, atirava, sem parar. Minutos pareceram uma eternidade”, contou a prefeita.

No total, Richard Durn, 33 anos, matou oito parlamentares e feriu gravemente mais 19 pessoas. Dezenas de viaturas e mais de 200 agentes foram enviados ao local para socorrer as vítimas. O presidente francês, Jacques Chirac, e o primeiro-ministro, Leonel Jospin, depois de visitarem o local manchado de sangue, fizeram a mesma declaração: o ataque furioso foi de um desequilibrado.

O que teria levado Durn, solteiro, professor de história, a atirar contra os políticos de sua cidade? Não há dúvidas de que queria chamar atenção. “Me matem!, me matem!”, gritou ele ao ser detido. O assassino, apesar de ter sido um simpatizante dos socialistas e dos verdes, em plena campanha eleitoral na França parece estar distante do cenário político. Com antecedentes de distúrbios mentais, a melhor definição para a barbárie de Durn foi a do procurador de Nanterre: “Ele culpou a sociedade em que vive por seus males. E culpou a Câmara dos Vereadores de Nanterre.”