Em abril de 1993, o leilão de venda da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) transformou as ruas próximas à Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em um verdadeiro campo de batalha. Manifestantes contrários à privatização da empresa de Volta Redonda temiam que o gigante brasileiro do aço fosse parar nas mãos de estrangeiros. Por pouco mais de US$ 1 bilhão, porém, o controle de uma das chamadas jóias da coroa acabou ficando com o consórcio que reunia empresas e bancos nacionais, sob o comando do empresário paulista Benjamin Steinbruch. Na última quarta-feira 17, sem alarde e sem manifestação contrária, a maior siderúrgica do País foi arrematada pelo grupo anglo-holandês Corus em uma complexa operação de troca de ações, avaliada pelo mercado em US$ 4,8 bilhões.

A fusão criou o quinto maior conglomerado siderúrgico do mundo, com faturamento de US$ 14 bilhões por ano, e livrou Steinbruch de uma dívida superior a US$ 2 bilhões. Ele será vice-presidente da nova empresa até 2004 e, a partir daí, assumirá o cargo de principal executivo da holding que está sendo criada – a CSN/Corus. Na divisão de poder, os acionistas da CSN passam a deter o maior lote individual de ações do novo grupo, 37,6% do controle. O restante, 62,4%, será pulverizado entre os vários acionistas da Corus. A opção pela troca de ações e não pela venda direta foi a forma encontrada pelas duas companhias para driblar uma condição estabelecida pelo BNDES, principal credor do Grupo Vicunha na compra das participações no processo de descruzamento de ações entre a Vale e a CSN, que ficou com direito sobre o lucro em uma eventual venda do controle da siderúrgica. Talvez por isso Steinbruch tenha insistido em que não houve uma “desnacionalização” da CSN.