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ESCOLHA
O americano Larry Taylor defenderá o basquete brasileiro
por achar que não teria chance no Dream Team

Nascida há 18 anos em Nanning, capital da província chinesa de Guangxi, a mesa-tenista Gui Lin chegou ao Brasil aos 12 anos, trazida por um programa de intercâmbio estudantil, e se apaixonou pelo País – sobretudo pelo churrasco. Desde então, a atleta venceu três vezes o campeonato nacional pelo clube Palmeiras-São Bernardo e bateu atletas top do esporte em torneios abertos no Exterior. Mas, por conta do demorado processo de naturalização, nunca havia defendido a seleção brasileira feminina, com a qual sempre treinou. No mesmo dia em que recebeu o passaporte brasileiro, ela foi convocada para Londres. Junto com o jogador de basquete americano Larry Taylor e um grupo de técnicos de diversas modalidades, a chinesinha integra a legião estrangeira que defenderá as cores brasileiras na Olimpíada de Londres. Em Pequim-2008 não havia nenhum atleta naturalizado.

A convocação de Gui Lin não deixou de ter sua dose de polêmica. Preterida, a nativa Jessica Yamada, mais bem colocada no ranking mundial do que a chinesa naturalizada, afirmou publicamente não compreender a escolha do técnico Lincon Yasuda. “Participei do ciclo olímpico e de mundiais, disputei o Pan-Americano, era sempre eu que representava o País”, afirmou. À IstoÉ, Yasuda declarou não ter sido fácil estabelecer a convocação, mas reitera que ela foi baseada em critérios técnicos, já que Gui apresentava performances superiores às de Jessica e de outras atletas nas competições. Recordista brasileiro em participações olímpicas – Londres será sua sexta –, o mesa-tenista Hugo Hoyama saiu em defesa da colega chinesa. “Eu entendo que uma atleta de brio fique chateada por ficar de fora, mas Gui também tem uma história com nosso país, fala português corretamente, se dedicou nos treinamentos e se destacou quando foi acionada. Ela não caiu aqui de paraquedas”, diz.

Na semana passada, outro caso de atleta que mudou de bandeira ganhou proporções de intriga internacional. Ao conquistar uma vaga olímpica no triatlo americano, o cubano Manuel Huerta, 28 anos, afirmou que sua história é “uma mensagem ao regime de Fidel Castro”, referindo-se ao ex-ditador afastado do poder por conta de problemas de saúde. Huerta fugiu de Cuba quando tinha 13 anos em direção a Miami, onde vive uma grande comunidade de compatriotas contrários ao regime de Havana. Mais diplomática, a recém-declarada brasileira Gui diz ter realizado um sonho e já projeta um desempenho ainda melhor para a Olimpíada de 2016, a ser realizada no Rio de Janeiro. “Estou muito feliz e sei que minha amizade com Jessica não será afetada”, declarou à IstoÉ.

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POLÊMICA
A mesa-tenista chinesa Gui Lin superou brasileiras mais
bem colocadas no ranking depois de sua naturalização

Menos conturbada foi a convocação do norte-americano, nascido em Chicago, Larry Taylor para a seleção brasileira masculina de basquete. O armador joga pela equipe de Bauru (SP) na liga nacional e tentava desde o ano passado a naturalização, que também foi obtida às vésperas da última chamada. Fã declarado do futebol brasileiro, adepto do pagode e com passagens por equipes do México e da Venezuela, Taylor sente ter realizado um sonho, já que dificilmente teria chance no Dream Team do seu país de origem. “O Brasil tem um time competitivo e vamos lutar por medalha”, afirma. Maior jogadora de basquete da história do País e atual diretora da seleção feminina, Hortência atribuiu a si a ideia de chamar Taylor. “Estou há dois anos procurando também uma atleta para entrar como armadora da seleção brasileira e não encontrei. Não se pode errar. Preciso de uma armadora para 2016 e estou em busca dela ainda. O mundo está globalizado”, disse.

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Outros brasileiros que não nasceram dentro do território nacional também devem defender o País em Londres. Mas Rosângela Santos (atletismo), Patrícia Freitas (vela), ambas nascidas nos Estados Unidos, e o campeão olímpico Rodrigo Pessoa (hipismo), nascido na França, são filhos de brasileiros. Mais comum é a situação de técnicos estrangeiros que levam sua expertise para alavancar os selecionados locais, a exemplo do próprio técnico de seleção masculina de basquete, o argentino Rubén Mangano. Campeão olímpico pelo seu país nos Jogos de Atenas-2004, o workaholic cordobês levou o Brasil a disputar uma Olimpíada depois de três ausências consecutivas. Outro que tem tido sucesso é o dinamarquês Morten Seubak, treinador da equipe feminina de handebol, chamado de “Baiano” pelas jogadoras por conta de seu apreço pelo Estado. “O Brasil está evoluindo e podemos chegar às quartas de final com chances reais de conquistar uma medalha”, diz, em escorreito português, sem perder o tom nórdico. O Brasil olímpico agrega novos sotaques.

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