Em sua imensa pretensão, os irmãos Noel e Liam Gallagher – que sempre imitaram os Beatles – não perdem oportunidade para achincalhar George Harrison ou Paul McCartney. Enquanto a falação flutuava nas ondas do marketing, tudo bem. O problema agravou quando a dupla que forma o front da banda inglesa Oasis começou a acreditar que realmente era melhor que os Fab Four. Um pouco de humildade não faria nada mal a eles, já que em quatro discos o grupo que trocou de músicos várias vezes sempre soou como uma cópia esmaecida dos rapazes de Liverpool. Neste novo trabalho, contudo, batizado de Heathen chemistry, a megalomania arrefeceu. Mas só arrefeceu. “É uma melhor coleção de canções, comparada aos dois ou três últimos álbuns”, assume Noel. Assim, os egos (cêntricos) do Oasis gravaram um CD que no verão londrino em curso talvez faça os ingleses cantar muitas das dez canções, já que o grupo alardeia ter esgotado os 120 mil ingressos colocados à venda para seu próximo concerto.

O disco se inicia portentoso, quase épico, com The hindu times, na qual uma camada de guitarras dá peso e distorções na medida. Segue com Force of nature, rock ligeiramente infantilizado pelos riffs comuns e bateria escolar. Hung in a bad place prova por que os Sex Pistols estão entre as bandas favoritas dos Gallagher, com a diferença de ter mais acordes e o som ser bem menos sujo. De resto, sobram ecos dos Beatles e uma brincadeira que há muito perdeu a graça: a de esconder uma canção no fim do disco. A de Heathen chemistry é achada 29m35 depois de finda a última faixa.