A proximidade do encerramento do processo do mensalão, considerado por muitos o “julgamento do século”, criou uma situação inédita e inusitada no Brasil. Não há figura relevante no País que não esteja sendo julgada pela sociedade. A começar pelos próprios ministros do Supremo Tribunal Federal. Será que o ministro Ricardo Lewandowski, ao não apresentar seu relatório, joga deliberadamente pela prescrição dos crimes? Será que José Antônio Dias Toffoli, que já advogou para o PT, terá isenção para participar do julgamento? Será que Gilmar Mendes, com a sua notória compulsão pelo microfone, não estaria falando demais? E assim por diante.

E, se não bastasse o mensalão, há ainda a CPI do caso Cachoeira, que já tem dois governadores convocados: o tucano Marconi Perillo, que terá que explicar a venda de sua casa, e o petista Agnelo Queiroz, que falará dos contatos de assessores com pessoas ligadas à construtora Delta. Mas não são apenas eles. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também pode vir a ser alvo de uma ação por crime de responsabilidade. E até mesmo o advogado mais caro do País, Márcio Thomaz Bastos, vem sendo questionado por estar recebendo R$ 15 milhões de um contraventor.

São tantos “réus”, no Executivo, no Judiciário, no Legislativo e na advocacia, que quem deve estar rindo à toa diante de tudo isso é o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Quase ninguém fala dos seus crimes, que, ao que tudo indica, não são poucos. Há tantos pecadores espalhados por aí que um dos mais notórios, o senador Demóstenes Torres, desandou a falar de Deus e de sua fé no dia do depoimento no Conselho de Ética. Parecia uma freira no convento.

Ao que dizem, no fim dos tempos, no grande Armagedom, o filho de Deus voltará à Terra para julgar “os vivos e os mortos”. Será que esse dia do juízo final já chegou e ainda não fomos avisados? 


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