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LAUDO
A médica Thais faz a coleta das células da pele a serem examinadas

A indústria da beleza quer usar os avanços da genética para aumentar a eficiência dos cremes, como mostram dois lançamentos. O primeiro é a chegada da Skingen Inteligência Genética, empresa do Grupo Boticário. Ela criou um teste para avaliar a expressão dos genes por meio de uma investigação do RNA, molécula que determina as características das proteínas que serão fabricadas pelo corpo conforme as instruções contidas no código genético. As informações são usadas para a formulação de um creme pela empresa SkinPharma. “Examinamos 11 aspectos da pele da face”, diz Márcio Lorencini, gerente da Skingen. O processo custa, em média, R$ 500, com direito a um pote de creme de 50 gramas com o nome da paciente.

A dermatologista Thais Pepe, de São Paulo, já indicou a avaliação a cinco pacientes. “Ela mede a intensidade real do que só observamos”, diz. No Rio de Janeiro, a dermatologista Karla Assed também a está usando. “Aliada a outros tratamentos, vai potencializar a melhora da pele”, afirma. Porém, não há consenso entre os especialistas. A dermatologista Mônica Aribi, de São Paulo, testou o método. Primeiro, fez ela própria a avaliação da pele de uma mulher de 51 anos. Diagnosticou poros dilatados, excesso de pigmentação em alguns pontos, rugas de expressão e flacidez. Depois, coletou uma amostra e a submeteu ao teste. Entre outros achados, o laudo apontou acelerado declínio da elasticidade, inflamação e baixa hidratação. Para Mônica, o teste acrescentou pouco ao que ela já tinha detectado. “É ferramenta que ainda precisa ser aperfeiçoada”, diz. Para o médico Bernardo Garicochea, pós-doutorado em genética, os estudos com os resultados da Skingen podem ser inovadores. “Mas precisam ser publicados em revistas científicas, o que ainda não ocorreu”, pondera.

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PESQUISA
Lorencini faz a análise do conteúdo genético das
amostras no laboratório localizado em Curitiba

A segunda novidade é o Avon Renew Genics, um creme cuja promessa é estimular a atividade do gene SIRT3, que determina a produção da proteína sirtuína, associada à juventude. “O produto aumenta a fabricação de colágeno e ácido hialurônico, essenciais à pele”, diz João Hansen, diretor de Assuntos Regulatórios da empresa para a América Latina. Aqui, novamente, há polêmica. Há estudos que contestam o papel do SIRT3 como gene da juventude e outros que reforçam a tese. Além disso, pouco se sabe sobre a real capacidade de um creme de interferir na expressão de um gene. “Isso seria possível, mas é preciso a realização de muitos estudos clínicos independentes antes de se chegar a uma conclusão definitiva”, diz o médico Bernardo. 

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