E o Cine PE faz festa para comemorar 20 anos de história. O festival, que termina no domingo, 8, mudou de lugar, mas não necessariamente de formato. Trocou o Centro de Convenções de Olinda por um cinema de rua no Recife, o São Luiz. Antes eram mais de 2.000 poltronas, agora um pouco menos de mil. Estavam lotadas na inauguração, segunda-feira, dia 2, à noite. O festival mantém sua vocação de dialogar com o público apresentando a diversidade da produção brasileira.

A abertura teve a homenagem ao ator e diretor Jonas Bloch. Sua filha, a atriz Débora Bloch, apareceu de surpresa para lhe outorgar a Calunga especial. Aos 77 anos, papai emocionou-se (quem não?) com o discurso da filha. Ela disse que ele lhe ensinou tudo. A importância da arte, da liberdade, da democracia.

Na mostra competitiva de curtas-metragens pernambucanos (Mostra PE) foi exibido o documentário Não Tem Só Mandacaru, de Tauana Uchoa. Já a mostra competitiva de curtas-metragens nacionais (Mostra Curta Brasil) trouxe o documentário Paulo Bruscky, de Walter Carvalho. A mostra competitiva de longas tem Por Trás do Céu, de Caio Sóh, de São Paulo.

Quando jovem, o fotógrafo e cineasta paraibano Walter Carvalho viajava para o Recife para ver filmes – no São Luiz, que chamou de cinema catedral. O templo do cinema acolheu sua (re)visão do artista visual de Pernambuco. Paulo Bruscky conversa sobre arte com Walter em seu ateliê. Câmera parada, algumas fusões, dinamismo do diálogo. Ele fala e a gente tem a impressão de não ver sua obra, mas ela está lá no fundo. Um auto (alto?)retrato. Vem depois uma performance. Paulo pinta, mas não é uma pintura tradicional. O retrato também não quer ser tradicional. A arte de Carvalho é uma busca perene por temas e personagens. “Se soubesse por que filmo, não filmava”, ele diz.

Não Tem Só Mandacaru é uma dupla celebração, da poesia e da juventude, no quadro de uma cidade, São José do Egito, que tem uma riqueza cultural muito grande. Quanto ao longa, inscreve-se na nova representação do sertão de filmes como Boi Neon, Reza a Lenda e A Luneta do Tempo. Uma mulher não quer ficar enraizada no sertão. Quer ir para a cidade. O marido tem um trauma e resiste. Não parece muito, mas o diretor enche o filme de camadas. Apesar de cenas bonitas, é muito circo para pouco espetáculo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.