Desvendar as profundezas do mar com a mesma leveza com que os astronautas conquistaram o espaço. É esse o objetivo do primeiro navio vertical do mundo, idealizado pelo arquiteto francês Jacques Rougerie, 64 anos. Batizada de Sea Orbiter, a embarcação de 51 metros o equivalente a um prédio de 15 andares é inspirada nas formas orgânicas do mar e foi concebida para ser extremamente silenciosa e navegar usando as correntes marinhas. O protótipo do navio, cuja forma lembra um cavalo marinho, acaba de ser apresentado e, segundo Rougerie, deve estar pronto “num futuro bem próximo”.

A principal inovação é permitir que os oceanógrafos mergulhem por períodos mais longos de tempo, sem que a presença do Sea Orbiter cause perturbação no meio ambiente submarino. O design está tendo a colaboração do primeiro astronauta francês, Jean Loup Chrétien, e do explorador submarino Jacques Piccard. Com um sistema de navegação que utiliza as correntes marítimas, o Sea Orbiter será capaz de dar a volta ao mundo em dois anos, algo que o diferencia das outras estações oceanográficas, que são fixas.

O navio terá vista panorâmica submarina e capacidade para 18 tripulantes, dez acima e oito abaixo do nível do mar. Serão diversos andares com salas científicas e estação de mergulho, que colherão dados e amostras para contribuir em estudos de biodiversidade, do clima, impacto do aumento de gás carbônico nos oceanos e monitoração da poluição nos organismos marinhos.

A infraestrutura do navio vertical vai permitir longas jornadas no mar, de até seis meses, possibilitanto também estudos psicológicos em um meio submarino cujo tripulantes ficam confinados em condições extremas. Feito em aço, com mil toneladas, o projeto foi orçado em 35 milhões de euros, dos quais Rougerie garante ter metade. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, já declarou apoio à empreitada. Um projeto que nem Julio Verne, autor de “20 Mil Léguas Submarinas”, teria imaginado.

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